57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Transmissão oral-vetorial de Doença de Chagas e seguimento longitudinal de surtos familiares como estratégia de detecção de infecções silenciosas

Introdução

No Pará, a Doença de Chagas tem se apresentado em ocorrências de transmissão por via oral com padrão repetitivo anual e sazonal de acometimento, contudo, quase sempre envolvendo vetores peridomiciliares e subestimada incidência de infecção silenciosa, sem a morbidez evidente da via de transmissão alimentar peculiar.

Objetivo(s)

Descrever um surto familiar de doença de Chagas ocorrido há 11 anos e o estado de saúde atual dos acometidos comparativamente ao status sorocardiológico de uma família residente do mesmo local e convivente sob as mesmas condições

Material e Métodos

Foi realizado estudo retrospectivo com componente analítico transversal e prospectivo. Foram analisados um grupo multifamiliar acometido por surto de doença de Chagas em outubro de 2007: famílias-caso, além de um grupo familiar voluntário convivente na localidade (famílias-controle) analisado apenas prospectivamente. Dados de fase aguda do primeiro grupo foram obtidos em prontuários clínicos do ambulatório de referência em seguimento de portadores no Instituto Evandro Chagas. Este grupo também foi avaliado transversalmente em 2018, da mesma forma que o grupo famílias-controle, por método clínico, sorológico de pesquisa de anticorpos IgG anti- T. cruzi e cardiológico por eletrocardiograma de repouso.

Resultados e Conclusão

Em 2007, treze pessoas (famílias-caso), dentre três famílias habitantes da localidade Laranjal - Barcarena, foram diagnosticadas quase simultaneamente com doença de Chagas e clínica de síndrome febril prolongada em 92,3% deles, configurando um surto multifamiliar. Todos receberam tratamento específico na época. Houve registros da presença de didelfídios formando ninhos de convivência em associação a triatomíneos da espécie Rhodnius pictipes infectados por Trypanosomas no peridomicílio. Na avaliação atualizada, onze após este surto registrado, todos àqueles tratados demonstraram persistência de anticorpos IgG anti-T. cruzi e nenhuma sequela cardiológica. No grupo famílias-controle avaliado apenas atualmente foi alarmante a demonstração de 64,4 % sorologias positivas para anticorpos IgG anti -T. cruzi e a presença de alterações eletrocardiográficas em 50% destes, compatíveis com cardiopatia chagásica crônica, incluindo um portador de marcapasso. Reforça-se para a Amazônia a necessidade de seguimento de indivíduos em fase aguda após tratamento e inquéritos sorológicos simultâneos a ocorrência de um surto, para identificação de infectados assintomáticos.

Palavras-chave

Doença de Chagas; Estudos de Coortes; Triatomíneos; Surtos de Doenças

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Alex Francisco Pinto Nascimento, Vera Costa Valente, Sebastião Aldo Silva Valente, Ana Yecê Neves Pinto