Dados do Trabalho

Título

Análise da correlação entre o desmatamento e os casos de Leishmaniose Visceral no município de Araguaína-TO

Introdução

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infecciosa sistêmica de evolução crônica propiciada pelos protozoários Leishmania donovani e Leishmania infantum. A transmissão decorre da picada de flebotomíneos hematófagos fêmeas e os reservatórios do parasita são representados pela raposa do campo, Cerdocyon thous (primário), e alguns tipos de gambás (secundário). Os hospedeiros do parasita são representados especialmente pelo cão doméstico, Canis familiaris. A doença pode ser classificada em dois tipos principais: LV silvestre (relacionada aos reservatórios) e a LV doméstica ou peridoméstica (associada ao cão doméstico). Atualmente, a LV se estabelece progressivamente nas cidades, em que a migração de pessoas do campo para as cidades, a construção de obras com impacto ambiental e o desmatamento são elencados como fatores influentes sobre o fenômeno de urbanização da LV.

Objetivo(s)

Avaliar a relação causal entre o desmatamento e o número de casos de Leishmaniose Visceral no município de Araguaína (TO) entre os anos de 2011 e 2020.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa analítica e quantitativa. Foram incluídos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) referentes ao número de casos notificados de LV por critério “diagnóstico laboratorial” ou “clínico epidemiológico” entre os anos de 2011 e 2020, sendo excluídos os casos ainda em investigação confirmatória e aqueles notificados de indivíduos não residentes no município de Araguaína-TO. Os dados ambientais de desmatamento foram coletados na plataforma Mapbiomas. Para a análise de correlação entre os dados, foi realizado um teste de regressão linear com o auxílio do software Jamovi.

Resultados e Conclusão

Coletou-se uma amostra de 664 notificações de novos casos. O maior número de casos se concentrou no ano de 2011, abrangendo 27,41% das notificações (N=182). A incidência no ano de 2011 foi de 118,68 a cada 100 mil habitantes e permaneceu acima da maior média do estado do Tocantins (34,6) e da Região Norte (5,2) ao longo dos anos analisados. Não houve relação significativa entre a incidência de casos da doença no município e a perda anual florestal (R2=0.063; p= 0,05). Constata-se que, por não haver uma correlação direta entre o desmatamento e os casos de LV registrados, necessita-se investigar outros fatores ambientais e socioeconômicos para a real compreensão do cenário epidemiológico da LV na cidade de Araguaína.

Palavras-chave

Leishmaniose Visceral, Infecções por Protozoários.