Dados do Trabalho
Título
Análise da dispersão de Mansonia humeralis (Diptera: Culicidae) por marcação-soltura-recaptura, em área de represamento do rio Paraná, SP-Brasil
Introdução
A construção de barragens para instalação de usinas hidrelétricas gera uma série de impactos aos ambientes aquáticos e seu entorno, incluindo riscos à saúde de populações humanas que residem ou frequentam essas áreas. A modificação do regime de drenagem de lótico para lêntico pode causar, por exemplo, favorecimento à reprodução explosiva de algumas populações de mosquitos com potencial de transmissão de patógenos ou produção de incômodo em níveis insuportáveis para pessoas e animais domésticos. No Brasil, alguns casos emblemáticos já foram descritos, como a associação entre surtos de malária e o aumento da abundância de Anopheles darlingi na UHE de Itaipu (PR) e do abandono de habitações por conta da alta taxa de picadas por Mansonia spp. na UHE de Tucuruí (PA). O conhecimento sobre as características de dispersão dos culicídeos pode ser aplicado no planejamento do uso e ocupação do solo de grandes projetos de infraestrutura, dirimindo prejuízos materiais e promovendo a tomada de medidas sanitárias preventivas.
Objetivo(s)
O objetivo deste trabalho foi investigar a dispersão de Mansonia (Mansonia) humeralis no reservatório de Porto Primavera/UHE Engº Sérgio Motta, margem esquerda do rio Paraná, SP.
Material e Métodos
Foi utilizado o método de marcação-soltura-recaptura. Os espécimes para marcação foram coletados mensalmente de nov/2002-abr/2003 com armadilha de Shannon instalada no que definimos como ponto zero, local à margem do lago, próximo aos aglomerados de macrófitas flutuantes (criadouros), no período do crepúsculo vespertino até 3h após, marcados com pó fluorescente e soltos na mesma noite. As coletas para recaptura se deram nas duas noites subsequentes com as armadilhas de Shannon no ponto zero e a 100, 1000 e 1300m, seguindo horário do primeiro dia, somado a armadilhas do tipo CDC+CO2 (gelo seco) a 200, 500, 700, 1400 e 2000m, no período entre o crepúsculo vespertino e matutino.
Resultados e Conclusão
Um total de 1785 fêmeas de Ma. humeralis foram marcadas e soltas. Nas armadilhas de Shannon foram coletadas 5065 fêmeas da espécie, das quais 21 marcadas e para as CDC+CO2, 4455 fêmeas, mas nenhuma marcada. A taxa geral de recaptura foi de 1,2%. Das 21 fêmeas recapturadas, 15 foram no ponto zero, 5 a 100m e 1 a 1000m, portanto, o raio de vôo médio foi de 412 ± 411m. Esses resultados corroboram com estudo recente para o gênero Mansonia spp. na UHE de Jirau (RO), onde se observou que os vôos eram curtos, com tendência à proximidade dos criadouros.
Palavras-chave
Mansonia, dispersão, Usina Hidrelétrica
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Márcia Bicudo de Paula, Luís Filipe Mucci, Regina Tomie Ivata Bernal, Andreia Fernandes Brilhante, Ana Maria Ribeiro de Castro Duarte