57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Análise da dispersão de Mansonia humeralis (Diptera: Culicidae) por marcação-soltura-recaptura, em área de represamento do rio Paraná, SP-Brasil

Introdução

A construção de barragens para instalação de usinas hidrelétricas gera uma série de impactos aos ambientes aquáticos e seu entorno, incluindo riscos à saúde de populações humanas que residem ou frequentam essas áreas. A modificação do regime de drenagem de lótico para lêntico pode causar, por exemplo, favorecimento à reprodução explosiva de algumas populações de mosquitos com potencial de transmissão de patógenos ou produção de incômodo em níveis insuportáveis para pessoas e animais domésticos. No Brasil, alguns casos emblemáticos já foram descritos, como a associação entre surtos de malária e o aumento da abundância de Anopheles darlingi na UHE de Itaipu (PR) e do abandono de habitações por conta da alta taxa de picadas por Mansonia spp. na UHE de Tucuruí (PA). O conhecimento sobre as características de dispersão dos culicídeos pode ser aplicado no planejamento do uso e ocupação do solo de grandes projetos de infraestrutura, dirimindo prejuízos materiais e promovendo a tomada de medidas sanitárias preventivas.

Objetivo(s)

O objetivo deste trabalho foi investigar a dispersão de Mansonia (Mansonia) humeralis no reservatório de Porto Primavera/UHE Engº Sérgio Motta, margem esquerda do rio Paraná, SP.

Material e Métodos

Foi utilizado o método de marcação-soltura-recaptura. Os espécimes para marcação foram coletados mensalmente de nov/2002-abr/2003 com armadilha de Shannon instalada no que definimos como ponto zero, local à margem do lago, próximo aos aglomerados de macrófitas flutuantes (criadouros), no período do crepúsculo vespertino até 3h após, marcados com pó fluorescente e soltos na mesma noite. As coletas para recaptura se deram nas duas noites subsequentes com as armadilhas de Shannon no ponto zero e a 100, 1000 e 1300m, seguindo horário do primeiro dia, somado a armadilhas do tipo CDC+CO2 (gelo seco) a 200, 500, 700, 1400 e 2000m, no período entre o crepúsculo vespertino e matutino.

Resultados e Conclusão

Um total de 1785 fêmeas de Ma. humeralis foram marcadas e soltas. Nas armadilhas de Shannon foram coletadas 5065 fêmeas da espécie, das quais 21 marcadas e para as CDC+CO2, 4455 fêmeas, mas nenhuma marcada. A taxa geral de recaptura foi de 1,2%. Das 21 fêmeas recapturadas, 15 foram no ponto zero, 5 a 100m e 1 a 1000m, portanto, o raio de vôo médio foi de 412 ± 411m. Esses resultados corroboram com estudo recente para o gênero Mansonia spp. na UHE de Jirau (RO), onde se observou que os vôos eram curtos, com tendência à proximidade dos criadouros.

Palavras-chave

Mansonia, dispersão, Usina Hidrelétrica

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Márcia Bicudo de Paula, Luís Filipe Mucci, Regina Tomie Ivata Bernal, Andreia Fernandes Brilhante, Ana Maria Ribeiro de Castro Duarte