Dados do Trabalho

Título

IMPACTO DA CRIPTOCOCOSE NA RECUPERAÇÃO IMUNOLÓGICA DE PACIENTES COM AIDS E IMUNOSSUPRESSÃO GRAVE

Introdução

A criptococose é uma micose sistêmica oportunística na AIDS, apresenta elevada letalidade e pode cursar com recaídas. A recuperação imunológica obtida com a TARV é a forma mais efetiva no controle das infecções oportunística na AIDS. Baseado em observação na prática clínica e considerando que Cryptococcus spp acelera a replicação do vírus HIV in vitro, nós hipotetizamos que a criptococose interfere negativamente na recuperação imunológica de pacientes com AIDS e imunossupressão grave.

Objetivo(s)

Avaliar se a criptococose interfere na recuperação imunológica de pacientes com aids e imunossupressão grave num seguimento de até 5 anos.

Material e Métodos

Os participantes foram selecionados de uma população de 230 pacientes com AIDS e contagem de CD4+ ≤ 200 células/mm3, que foram submetidos a investigação sistemática de criptococcose. Aqueles que foram acompanhados por mais do que 100 dias eram elegíveis para este estudo de coorte pareada. Assim, o grupo exposto à criptococose foi composto por 21pacientes e um grupo não exposto foi selecionado aleatoriamente por sorteio e pareado por faixa de células CD4+, 3 não exposto para 1 exposto, com 67 participantes. O desfecho recuperação imune foi definido como contagem de CD4+ de 350 células ou mais. As análises estatísticas utilizadas foram o X2 ou Fisher para comparar variáveis categóricas e U Mann Whitney para variáveis contínuas. A curva de Kaplan Meyer analisada pelo Log Rank foi utilizada para o tempo de recuperação imune. Um p ≤ 0,05 considerado significante e p entre 0,05 e 0,10 como tendência.

Resultados e Conclusão

Ambos os grupos apresentavam características basais similares, exceto pelo fato de que os expostos à criptococose tinham uma proporção menor de uso anterior de TARV. Uma tendência de menor taxa de recuperação imunológica foi observada no grupo com criptococose (19,0% vs 38,8%, p= 0.096). Os outros desfechos estudados, tais como razão CD4 final/CD4 inicial, diferença entre CD4 final e inicial e tempo para atingir a recuperação imunológica não diferiram entre os grupos. Os resultados encontrados apontam para a possibilidade da criptococose ser um fator associado a menores taxas de recuperação imunológica na AIDS e imunossupressão grave. Futuros estudos com mais participantes e com grupos mais homogêneos poderão elucidar melhor se a criptococose é um fator independentemente associado à recuperação imunológica nesses pacientes.

Palavras-chave

criptococose, aids, contagem de CD4+, recuperação imunológica.