Dados do Trabalho

Título

HANSENÍASE EM GESTANTES NA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS: um olhar além da pele

Introdução

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae que acomete o sistema nervoso periférico. A relação entre hanseníase e gravidez se deve ao fato de a gestação proporcionar recidivas, exacerbar lesões pré-existentes e aumentar a evolução da forma indeterminada para a forma virchowiana.

Objetivo(s)

Descrever o perfil epidemiológico e características clínicas de gestantes com diagnóstico de hanseníase na região do Baixo Amazonas.

Material e Métodos

Estudo transversal quantitativo e qualitativo que descreve as características clínicas e epidemiológicas de gestantes com o diagnóstico de Hanseníase durante o período de 2012 a 2021. As gestantes foram analisadas em cada trimestre sendo observadas as lesões cutâneas características. Os dados foram obtidos a partir da plataforma do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Resultados e Conclusão

Do total de 8209 casos de Hanseníase diagnosticados na região do Baixo Amazonas no período de 2012 a 2021, 61 eram gestantes, correspondendo a 0,7% dos casos totais. Dessas gestantes infectadas, 49,1% (30) apresentaram a forma clínica dimorfa da doença, seguida pela forma virchowiana 29,5% (18) dos casos, forma clínica indeterminada de 19,6% (12) e com menor frequência a forma tuberculóide em 1,6% (1). Em relação às manifestações cutâneas, observando o total de 44 casos disponíveis, 70% (33) apresentaram mais de cinco lesões pelo corpo, principalmente na forma clínica dimorfa, representando 45,4% (20) das gestantes que apresentaram múltiplas lesões. A baciloscopia também foi considerada, com o total de 44 resultados avaliados, 86,3% (38) indicaram resultados positivos e 13,6% (6) foram negativados. Das 61 gestantes avaliadas, 98,3% obtiveram o diagnóstico de Hanseníase Multibacilar, enquanto o de Hanseníase Paucibacilar foi em apenas 1,6% (1). Além disso, com mesmo total analisado, das 60 pacientes com o diagnóstico Multibacilar, 45% (27) iniciaram o tratamento com o esquema de Poliquimioterapia Única (PQT/MB/12 DOSES) durante o 2° Trimestre e a única gestante com o diagnóstico Paucibacilar iniciou com tratamento PQT/PB/6 DOSES também no 2° Trimestre. O exame de pele da gestante é importante no diagnóstico precoce de Hanseníase e se faz necessário o fortalecimento de ações de políticas públicas que visem a prevenção da Hanseníase em gestantes principalmente nas cidades mais acometidas e que proporcionem o acesso ao tratamento específico para as grávidas já infectadas e com lesões da doença.

Palavras-chave

Hanseníase; Mycobacterium leprae; Gravidez.