57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE DESMATAMENTO E CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM MARABÁ (PA) DE 2009 A 2019

Introdução

A leishmaniose visceral (LV), causada por protozoários do gênero Leishmania, é transmitida por um vetor flebotomíneo infectado e, hegemonicamente, rural. Contudo, percebe-se sua migração, junto com os vetores, para as cidades a partir da urbanização, ligada ao desmatamento. Suas perspectivas de controle são complexas, envolvem promoção de saúde aliada à realidade epidemiológica de cada estado e abrem espaços para discussões acadêmicas.

Objetivo(s)

Analisar a relação causal entre o desmatamento e o número de casos de leishmaniose visceral em Marabá-PA, de 2009 a 2019.

Material e Métodos

Dados sobre a incidência de LV e taxa anual de perda florestal em Marabá, no período compreendido, exceto 2012, por ausência de dados, foram obtidos nas plataformas DATASUS, MapBiomas e IBGE. Sendo usados como filtros para o recolhimento do número de casos novos da doença: município de residência, ano do primeiro sintoma, casos confirmados, residentes autóctones, município e período de análise mencionados. Para os cálculos e análise estatística da correlação entre esta doença e a taxa de desmatamento usou-se Word Excel 2016 Ⓡ e Jamovi Ⓡ respectivamente.

Resultados e Conclusão

Em Marabá, de 2009 a 2019, o maior índice de incidência de LV foi em 2016, com 3.33 por 100.000 habitantes, o menor, em 2010, com 0.04. Em 2019, registrou-se 347 casos em 84 municípios no Pará, sendo Marabá o 3° com maior número (39). Revelou-se uma relação relevante entre o desmatamento anual e a incidência da doença (R2=0.545 e p=0.015) no citado período. Segundo WERNECK, a LV é uma doença negligenciada ligada a determinantes ambientais, socioeconômicos e políticos. Nesse sentido, em Marabá, a principal razão para os altos índices de incidência anual da doença é o desmatamento expressivo que se expõe em razão do avanço do extrativismo vegetal e mineral, exploração madeireira, pecuária e expansão industrial. Ademais, estas últimas favorecem crescimento urbano não planejado, propiciando problemas político-populacionais, como a LV.

Pelo exposto, conclui-se que a LV tem correlação com o desmatamento em Marabá, devido à 54% da variação anual da incidência sendo explicada pela variação nas taxas de desmatamento. Também, visualiza-se um cenário de saúde pública dependente de ações que minimizem os efeitos do desmatamento, a fim de que a população tenha melhor qualidade de vida.

Palavras-chave

epidemiologia, leishmaniose, desmatamento, região norte, formação médica.

Área

Eixo 01 | Ambiente e saúde

Autores

Caio César Chaves de Lucena, Eunice de Oliveira Costa, Fernanda Gorette Castro de Matos, Ivone Diniz Chaquiam, Leandro Schlemmer Brasil