57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

O IMPACTO DA COINFECÇÃO LEISHMANIOSE VISCERAL-HIV NA LETALIDADE POR LEISHMANIOSE VISCERAL. RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL, 2007-2021

Introdução

Objetivo(s)

Analisar a impacto da coinfecção entre a Leishmaniose Visceral (LV) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) na letalidade por LV no Rio Grande do Norte (RN), entre 2007 e 2021.

Material e Métodos

Realizou-se um estudo descritivo exploratório, utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Rio Grande do Norte no período 2007 a 2021. Analisou-se as variáveis da ficha de investigação de LV, utilizando ferramentas do Tabwin e Excel.

Resultados e Conclusão

No período estudado, foram confirmados 1.455 casos confirmados de LV. Desse montante, 264 (18,1%) possuíam coinfecção LV-HIV e como principais características: sexo masculino (79,9%), faixa etária entre 35 e 49 anos (47,7%), ensino fundamental incompleto (17,8%), raça parda (79,2%) e residência em área urbana (87,1%). Os casos de LV-HIV concentraram-se, principalmente, na Região Metropolitana do Estado (66,3%). Apresentaram como principais manifestações clínicas: emagrecimento (87,9%), febre (87,5%), fraqueza (81,4%), aumento do fígado (75,0%), tosse e/ou diarreia (74,6%), palidez (68,9%), aumento do baço (64,8%), quadro infeccioso (31,8%), edema (24,2%), fenômenos hemorrágicos (23,5%), icterícia (17,8%). Dos casos de LV-HIV, 73,1% tiveram diagnóstico parasitológico positivo. A LV-HIV foi tratada, principalmente, com Anfotericina B lipossomal (79,3%) e em 30 casos (11,4%) identificou-se recidiva da LV. Quanto à evolução, 61,4% dos coinfectados evoluíram para cura e 9,1% para óbito por LV. A letalidade por LV em pacientes sem HIV correspondeu a 6,7%. Apesar da concentração da coinfecção na Região Metropolitana, observa-se dispersão para todas as regiões do Estado, acometendo diversos grupos populacionais. Tal aspecto ressalta a importância da testagem para HIV de todos os indivíduos suspeitos de LV. Essa estratégia irá auxiliar no manejo clinico adequado dos casos de LV-HIV. A maioria dos pacientes com HIV tem apresentado sintomas clássicos da LV, no entanto tosse e/ou diarreia se mostrou um achado importante nesta população. A Anfotericina B lipossomal tem sido cada vez mais utilizada para tratamento da LV em pacientes com HIV, conforme preconiza o Ministério da Saúde. Em se tratando da letalidade por LV no RN, pode-se concluir que a coinfecção HIV está contribuindo para o aumento da mesma, já que indivíduos coinfectados têm maiores chances de evoluir para óbito, bem como de apresentarem recidiva da LV.

Palavras-chave

Leishmaniose Visceral, Coinfecção, HIV.

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Ximenya Glauce da Cunha Freire Lopes, Iraci Duarte de Lima, Alice Pinheiro Suassuna, Shelyane Camila Sotero de Melo, Ana Karla de Morais Peres