Dados do Trabalho

Título

EPIDEMIOLOGIA DOS ACIDENTES OFÍDICOS GRAVES OCORRIDOS NO ESTADO DO PARÁ

Introdução

Os acidentes ofídicos e suas repercussões clínicas entram no rol de doenças negligenciadas, e historicamente afetam principalmente populações vulneráveis do ponto de vista socioeconômico. O Pará, estado localizado na Amazônia brasileira, é uma região na qual o ofidismo é frequente e está associado a grande morbimortalidade.

Objetivo(s)

Conhecer o perfil epidemiológico dos acidentes por serpentes peçonhentas classificados como graves.

Material e Métodos

Este trabalho teve como fonte a plataforma digital do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a partir da qual os dados foram trabulados com o auxílio do software Excel. Foram selecionados os acidentes ofídicos graves no estado do Pará, no período de 2012 a 2021, de acordo com as variáveis: ano de notificação, tipo de serpente, tempo picada / atendimento, autodeclaração étnico-racial, sexo e faixa etária.

Resultados e Conclusão

Foram registradas 2.167 notificações de acidentes ofídicos graves, construindo uma média igual a 216 casos/ano. 91% dos acidentes (N=1968) foram causados por serpentes do gênero Bothrops; 6,7% (n = 145) por serpentes do gênero Lachesis; 1,8% (n = 38) por serpentes do gênero Crotalus; e 0,7% (n = 16) por serpentes do gênero Micrurus. A maior parte das vítimas (61%) foi atendida dentro das primeiras 06H do acidente. 1752 pacientes (81%) autodeclararam-se pardos; 152 pacientes (7%) autodeclararam-se pretos; 113 (6%) autodeclararam-se brancos, 42 (2%) autodeclararam-se indígenas e 13 pacientes (0,6%) autodeclararam-se amarelos. Os acidentes foram consideravelmente mais frequentes em homens, com 1827 casos registrados – valor que representa 84% do total de notificações. Finalmente, em relação à faixa-etária das vítimas, observou-se predominância de acidentes na faixa etária de 20 a 59 anos (65% dos casos), seguida por pessoas de 0 a 19 anos (27% dos casos); idosos corresponderam a cerca de 8% dos acidentes. Observa-se que os acidentes ofídicos graves foram mais frequentes entre homens pardos na faixa-etária de 20 a 59 anos, ocasionados por serpentes do gênero Bothrops. O conhecimento desse perfil epidemiológico possibilita o desenvolvimento de ações de promoção de saúde e prevenção de acidentes voltados a essa população específica, buscando reduzir a ocorrência de ofidismo grave no estado do Pará.

Palavras-chave

Ofidismo; Amazônia; Epidemiologia