Dados do Trabalho

Título

DETECÇÃO DE VÍRUS ESPECÍFICOS DE INSETOS EM MOSQUITOS DE LABORATÓRIO E CAMPO, DAS ESPÉCIES Aedes aegypti E Culex quinquefasciatus DE PERNAMBUCO

Introdução

Os vírus identificados em mosquitos de importância médica podem ser divididos em dois grupos: os arbovírus, com capacidade de infecção em vetores e hospedeiros vertebrados, e os vírus específicos de insetos (ISVs), com capacidade de infecção exclusiva em invertebrados. Devido a essa restrição referente ao hospedeiro, os ISVs não possuem organismo amplificador capaz de manter um ciclo viral bem-sucedido, como no caso da maioria dos arbovírus. Logo, a transmissão vertical constitui-se como o mecanismo de manutenção de ISVs nas populações de insetos. Atualmente, há um grande interesse na identificação de ISVs, visto que estudos demonstram que tal infecção interfere na replicação e transmissão de arbovírus, como por exemplo, o vírus do Nilo Ocidental (WNV). Esses achados indicam que os ISVs podem operar como reguladores da transmissão de alguns arbovírus, possibilitando novas estratégias de controle.

Objetivo(s)

Nessa perspectiva, o presente trabalho propõe avaliar o viroma de duas espécies de culicídeos vetores: Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus.

Material e Métodos

Ao todo foram utilizados 400 mosquitos fêmeas das linhagens RecLab (Ae. aegypti) e CqSLab (Cx. quinquefasciatus), divididos por pools de 50 a 100 indivíduos. O RNA total foi extraído por meio de TRIZOL, seguido de tratamento com DNase TURBO™ e quantificado em NanoDrop 2000. Dois pares de primers degenerados foram utilizados para identificar ISVs das famílias Flavivirus e Alphavirus, através de reações de RT-PCR. Como controle positivo para as reações foram utilizados RNAs obtidos de sobrenadantes de células C6/36 infectadas com DENV e ZIKV (controle Flavivirus) e CHIKV e MAYV (controle Alphavirus).

Resultados e Conclusão

Até o momento, nenhum ISV foi detectado nas linhagens RecLab e CqSlab. Além das amostras de laboratório, mosquitos de campo das respectivas espécies coletadas no ano de 2018, em seis municípios da Região Metropolitana do Recife: Recife, Olinda, Camaragibe, Paulista, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes estão em processamento para detecção de ISVs através do Sequenciamento de Nova Geração. Em caso de detecção de ISVs nas amostras provenientes de campo, estas serão encaminhadas para sequenciamento, seguido da classificação filogenética. A detecção de ISVs previamente descritos, bem como novas descobertas, colaboram com estudos de competência vetorial e possíveis implicações nos processos de transmissão de arbovírus patogênicos, seja reprimindo ou induzindo a replicação desses vírus.

Palavras-chave

ISVs; viroma; DENV; ZIKV