57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Avaliação in vivo da atividade anti-Trypanosoma cruzi do benznidazol veiculado em nanopartículas de carbonato de cálcio

Introdução

A doença de Chagas é uma enfermidade causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, com cerca de sete milhões de pessoas infectadas no mundo, a maioria na América Latina. O benznidazol (Bz) é o fármaco de escolha, mas provoca sérios efeitos adversos e é menos efetivo em infecções crônicas. Nanopartículas de carbonato de cálcio (CaCO3) têm se mostrado promissoras, em diversos estudos realizados com patógenos intracelulares, inclusive em ensaios in vitro contra o T. cruzi.

Objetivo(s)

Avaliar a atividade tripanocida do Bz veiculado em nanopartículas de CaCO3 (NanoBz) contra a cepa Colombiana do T. cruzi, em modelo experimental murino da doença de Chagas.

Material e Métodos

Camundongos Swiss foram infectados e os tratamentos iniciados após 10 dias, sendo administrado o Bz livre, conjugado a nanopartículas de CaCO3, ou associado (livre + conjugado) pelas vias oral e intravenosa, em 23 doses intermitentes distribuídas em 50 dias, comparativamente ao esquema clássico oral por 20 dias. O controle de cura foi feito por exame de sangue a fresco antes e após imunossupressão e PCR sanguínea e tecidual.

Resultados e Conclusão

As nanopartículas vazias não alteraram a evolução da infecção, sendo a parasitemia semelhante ao controle não tratado. O ganho de peso e sobrevida dos grupos tratados sugeriram ausência de toxicidade das nanopartículas, sendo observada alta taxa de mortalidade no grupo não tratado (66,7%). O controle de cura demonstrou alta resistência parasitária ao tratamento intravenoso isolado com Bz livre ou NanoBz, provavelmente devido ao baixo teor de Bz (~10 mg/kg), resultando em taxas de cura de 0% e 13,7% respectivamente. Por outro lado, as injeções de NanoBz, associadas ao tratamento intermitente oral prolongado, mostraram a mais alta taxa de cura (66,7%) e menores parasitismos. O parasitismo cardíaco no grupo tratado com Bz livre intravenoso foi superior ao do grupo tratado com NanoBz, sendo constatada cura em 16,6% e nenhuma morte neste grupo, contra 33,3% de óbitos e nenhuma cura nos animais com injeção intravenosa de Bz livre. A conjugação do Bz com nanopartículas de CaCO3 mostrou-se como uma estratégia promissora para potencializar a liberação do Bz no interior das células infectadas, contrapondo-se à baixa permeabilidade tecidual deste fármaco.

Palavras-chave

Benznidazol, nanopartículas, carbonato de cálcio, doença de Chagas, Trypanosoma cruzi.

Área

Eixo 02 | Tecnologia e Inovação em saúde

Autores

Gilson Faria, Luciene Silva de Souza Meira, Fernanda de Oliveira Silva, Ana Caroline Zampiroli Ataide, Maria Terezinha Bahia, Sérgio Caldas