Dados do Trabalho
Título
Fatores associados ao óbito por sífilis congênita, Betim-Minas Gerais, Brasil, 2010 a 2018
Introdução
A sífilis infecta mais de um milhão de gestantes ao ano no mundo, com mais de 300 mil mortes fetais e neonatais decorrentes da doença. A taxa de transmissão vertical da sífilis para o feto é de até 80%, provocando morte fetal ou neonatal e prematuridade em 30% a 50% dos casos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu redução da incidência de sífilis congênita para menos de 0,5 caso por 1.000 nascidos vivos até 2015 e resultados do Brasil mostram que entre 2010 e 2018, as taxas de sífilis, no país, aumentaram progressivamente: sífilis congênita aumentou quatro vezes - 2,4 para 9,0/1.000 nascidos vivos (NV) e sífilis em gestantes aumentou seis vezes, de 3,5 para 21,4 casos/1.000 NV. Há uma estreita relação entre pré-natal e infecção congênita tornando a incidência de sífilis congênita um indicador sentinela de qualidade da assistência durante a gravidez.
Objetivo(s)
Descrever os fatores maternos e da criança associados ao óbito por sífilis congênita.
Material e Métodos
Estudo de coorte histórica que avaliou notificações de sífilis de 411 gestantes e 289 crianças, residentes em Betim-MG, entre 2010 e 2018. Foi realizada regressão de Poisson para avaliar associação entre óbito por sífilis congênita e fatores maternos e da criança.
Resultados e Conclusão
O perfil de gestantes infectadas é: 24,2% até 19 anos de idade; 47,7% de raça parda ou preta; 57,8% tinham oito anos ou mais de estudo; 71,6% dos diagnósticos foram no pré-natal; 2,1% trataram adequadamente; 88,2% dos parceiros não trataram. Das crianças que evoluíram para óbito, 71,9% o teste não treponêmico da mãe no parto/curetagem tinha titulação > 1:8. As taxas calculadas no estudo foram: incidência de sífilis congênita 5,2/1.000 nascidos vivos; detecção de sífilis em gestante 7,4/1.000 nascidos vivos; transmissão vertical 70,3%; letalidade por sífilis congênita 11,1%; mortalidade de 0,6/1.000 nascidos vivos. Houve maior risco de óbito por sífilis congênita em gestantes com diagnóstico de sífilis no primeiro trimestre de gestação; crianças sem informação de tratamento na notificação e no resultado do teste não treponêmico em sangue periférico e liquor. Crianças cujas mães tinham idade entre 20 e 29 anos tiveram 58% menos risco de óbito por sífilis. A sífilis permanece como problema de saúde pública associado a falhas na assistência ao pré-natal, diagnóstico tardio e tratamento inadequado da gestante e parceiro.
Palavras-chave
Sífilis congênita, sífilis, Saúde materno-infantil, Cuidado pré-natal, Causas de morte
Área
Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias
Categoria
(Concorra com apenas um trabalho) Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado
Autores
Cristiane Campos Monteiro, Eliane de Freitas Drumond, Carla Jorge Machado, Mariangela Carneiro