57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Levantamento de fauna e investigação virológica de mosquitos (Diptera: Culicidae) em parques urbanos da cidade de São Paulo, SP.

Introdução

Objetivo(s)

Investigamos a diversidade de espécies de mosquitos em parques urbanos, associando suas abundâncias com variáveis climáticas, bem como testamos algumas espécies para a presença de Flavivirus e Alphavirus.

Material e Métodos

Mosquitos foram coletados em 3 parques urbanos da cidade de São Paulo, da primavera de 2018 ao verão de 2020, utilizando aspirador de Nasci, uma vez por semana, durante 3 semanas consecutivas de cada estação. Posteriormente, 77 pools de fêmeas e 1 de macho foram submetidos a RT-qPCR para a detecção de Flavivirus e Alphavirus: 11 Ae. aegypti (n=19); 2 Ae. albopictus (n=6); 5 Ae. fluviatilis (n=8); 9 Ae. scapularis (n=27); 2 Aedes sp. (n=2); 1 Cx. bidens (n=1); 2 Cx. chidestri (n=2); 4 Cx. coronator (n= 17); 1 Cx. (Lutzia) bigoti (n=1, macho); 5 Cx. nigripalpus (n=13); 27 Cx. quinquefasciatus (n=128) e 9 Culex sp. (n=31), totalizando 255 espécimes testados.

Resultados e Conclusão

Identificamos 2.388 espécimes, divididas em 15 categorias taxonômicas. A mais abundante foi Cx. quinquefasciatus (n=1.182, 49,5%), seguida por Cx. nigripalpus (n=248, 10,38%) e Ae. aegypti (n=244, 10,21%). Outras de importância médica foram menos abundantes, como Ae. scapularis (n=79, 3,3%) e Ae. albopictus (n=33, 1,38%). Curvas de acumulação de espécies foram semelhantes entre os parques e razoavelmente assíntotas, bem como as estimativas de riqueza total foram próximas das observadas. A correlação entre variáveis climáticas e abundância de Cx. quinquefasciatus e Ae. aegypti foi significante (p<0,05) apenas para a última espécie em relação às temperaturas máximas (Rho= 0.943, p=0,17) e mínimas (Rho= 0.943, p=0.017), em um dos parques investigados. Não houve associação com a pluviosidade. Os testes RT-qPCR não constataram presença de Flavivirus ou Alphavirus. Mosquitos vetores estão presentes nos parques urbanos, que podem ser áreas potencias para o abrigo dessas espécies. Variáveis climáticas incidem sobre as populações de Ae. aegypti, que podem colonizar, cada vez mais, áreas verdes urbanas, devido às mudanças climáticas e à expansão da urbanização. Embora nosso estudo não tenha identificado infecção viral, a presença de espécies com elevado potencial para a transmissão de arbovírus, bem como das que podem auxiliar o spillover de arbovírus que circulam em ambientes mais silvestres, aponta para a importância da manutenção de uma vigilância entomológica e virológica também em parques urbanos da cidade.

Palavras-chave

Mosquitos, Vetores, Arbovírus, Parques Urbanos, Sazonalidade

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Marta Ribeiro e Silva Heinisch, Pâmela dos Santos Andrade, Antônio Ralph Medeiros-Sousa , Tamara Nunes Lima-Camara