57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Tuberculose em pessoas privadas de liberdade: análise segundo o local de atendimento, concomitância com a aids e o desfecho do tratamento

Introdução

Objetivo(s)

Descrever os casos de tuberculose (TB) entre a população privada de liberdade (PPL) segundo o local de atendimento, acometimento por aids e o desfecho do tratamento da TB.

Material e Métodos

Estudo epidemiológico descritivo, desenvolvido por meio do levantamento dos registros no Sistema de Informação TB-WEB relacionados à PPL notificada com TB no município de São Paulo, no período de 2007 a 2017. As variáveis selecionadas para o estudo foram: unidades de acompanhamento dos casos, diagnóstico de aids e desfecho do tratamento da TB. Os dados foram analisados por meio de frequências absolutas e relativas.

Resultados e Conclusão

Foram identificados 378 casos de TB entre a PPL, sendo 154 (40,7%) casos acompanhados em Centros Hospitalares Prisionais (CHP), 91 (24,1%) em Centros de Detenção Provisória (CDP), 85 (22,5%) em Unidades Básicas de Saúde (UBS), 38 (10,1%) em Penitenciárias, seis (1,6%) em Ambulatório de Especialidades (AE) e quatro (1,1%) em Hospitais. De 52 (13,8%) casos que possuíam a menção de aids na notificação, 31 (59,6%) realizaram acompanhamento em CHP, 13 (25%) em CDP, três (5,8%) em AE e cinco (9,6%) nos demais serviços. Quanto ao desfecho do tratamento dos casos de TB, o maior quantitativo de cura ocorreu entre as 37 (97,4%) pessoas tratadas nas Penitenciárias, seguido de 75 (83,3%) em CDP, 64 (76,2%) nas UBS, 102 (67,5%) nos CHP e dois (33,3%) nos AE. O abandono foi maior com dois (33,3%) no AE, 18 (21,4%) nas UBS, 15 (16,7%) nos CDP, seis (4,0%) nos CHP e um (2,6%) na Penitenciária. O óbito foi expressivo em quatro casos (100%) no Hospital, seguido de oito (5,3%) do CHP e dois (2,4%) nas UBS. O elevado número de TB no ambiente hospitalar (CHP) pode estar relacionado às condições de agravamento dos casos. Quanto ao acompanhamento nos serviços de Atenção Primária, verifica-se que a maioria dos casos contemplou tais pontos de atenção no cuidado prestado, uma vez que eram acompanhados no sistema prisional e em UBS vinculadas à rede municipal, refletindo o empreendimento de arranjos organizativos para o manejo da TB dentro e fora do sistema prisional. Quanto à coinfecção TB/aids, a priorização do CHP enquanto lócus de atendimento pode estar relacionado à gravidade e/ou dificuldade de manejo de tais casos. Em relação ao desfecho do tratamento, o percentual de cura (75%) esteve aquém das metas nacionais e internacionais pactuadas, o que reitera a necessidade de priorização da PPL nas políticas públicas para o enfrentamento da TB.

Palavras-chave

Tuberculose;Prisões;Serviços de Saúde;AIDS;Resultado de Saúde

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Rafaele Oliveira Bonfim, Rubia Laine de Paula Andrade, Elisângela Franciscon Naves, Melisane Regina Lima Ferreira, Paula Daniella de Abreu, Jaqueline Garcia de Almeida Ballesteiro, Ricardo Alexandre Arcêncio, Pedro Fredemir Palha, Nathalia Halax Orfão, Aline Aparecida Monroe