57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DO VIROMA DE CULICÍDEOS SILVESTRES POSITIVOS PARA O VÍRUS DA FEBRE AMARELA

Introdução

Objetivo(s)

Este estudo almejou caracterizar a diversidade do viroma de culicídeos positivos para o vírus da febre amarela (VFA) provenientes de investigações entomo-virológicas nos estados de Goiás e Minas Gerais em 2016 e 2017.

Material e Métodos

Foram analisados 155 indivíduos, distribuídos em 7 pools, das espécies Haemagogus janthinomys (S1, S2, S3, S4, S19), Sabethes glaucodaemon (S7) e Psorophora ferox (S8). O RNA total dos referidos pools foi extraído, seguido pela síntese de DNA complementar, preparação da biblioteca genômica e sequenciamento de nova geração, realizado na plataforma MiniSeq (Illumina). O processamento dos dados gerados se deu com o alinhamento contra o banco de dados de sequências de referência virais RefSeq viral – NCBI, atribuição taxonômica das leituras e cálculo de índices de diversidade α e β.

Resultados e Conclusão

As 52.142 leituras virais geradas foram classificadas em 31 famílias, dentre elas, Flaviviridae, Orthomyxoviridae, Rhabdoviridae, Peribunyaviridae, Sedoreoviridae e Phenuiviridae. As leituras foram atribuídas a arbovírus (27,08%), famílias virais associadas a hospedeiros bacterianos (0,49%), eucariotos unicelulares (7,8%), plantas (1,43%), vertebrados (0,24%) e artrópodes (12,53%). Foram ainda constatadas leituras referentes a vírus não classificados em famílias (23,63%), majoritariamente associados a artrópodes. As demais leituras virais corresponderam principalmente a famílias relacionadas a elementos virais endógenos. As amostras S4 e S7 apresentaram respectivamente o menor e o maior índice de diversidade α, enquanto a diversidade β evidenciou padrões de composição possivelmente correlacionados com os fatores: espécie do hospedeiro, quantidade de espécimes por pool e quantitativo de leituras para o VFA. As comunidades virais em culicídeos naturalmente infectados com o VFA demonstram ser extremamente diversas e abundantes. Múltiplas variáveis moldam o viroma, tais como padrões dietéticos, microbioma procariótico e eucariótico, as distintas rotas de transmissão de vírus de insetos e a própria infecção por arbovírus. Muitas das famílias de vírus específicos de insetos necessitam de maior compreensão sobre sua biologia, transmissão, distribuição geográfica e espectro de hospedeiros. Interações metabólicas na relação hospedeiro-viroma e a interferência do viroma na carga viral, dispersão e transmissão de arbovírus são promissores alvos para estudos futuros.

Palavras-chave

Metagenômica; viroma; diversidade; culicídeos.

Área

Eixo 08 | Arboviroses

Autores

Thito Yan Bezerra da Paz, Leonardo Henrique Almeida Hernández, Andressa de Oliveira Aragão, Sandro Patroca da Silva, Joaquim Pinto Nunes Neto, Ana Cecília Ribeiro Cruz