Dados do Trabalho

Título

Leishmaniose Visceral no município de Fortaleza-CE: características, incidência e letalidade, 2012 a 2021

Objetivo(s)

Descrever o perfil epidemiológico da Leishmaniose Visceral (LV) em Fortaleza, no Ceará, no período de 2012 a 2021.

Material e Métodos

Estudo transversal descritivo realizado a partir de dados coletados das fichas de LV, notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), utilizando o software STATA 15.1. Inicialmente foram calculadas as frequências simples e relativas. Foram calculados a taxa de incidência e a letalidade dos casos de LV. A primeira foi calculada com o número de casos novos de LV pelo número da população no ano, multiplicado por 100 mil. A taxa de letalidade foi calculada pelo número total de óbitos no ano de notificação pelo número de casos de LV no ano, multiplicado por 100.

Resultados e Conclusão

Um total de 886 casos de LV foram confirmados em Fortaleza. Os quatro primeiros anos da série analisada apresentaram uma incidência maior de casos de LV, passando de 5,4 casos por 100 mil hab. em 2012, para 4,9 casos por 100 mil hab. em 2015. Após esse período, observa-se um decréscimo na incidência de casos de LV no município, com queda em 2016 para 3,3 casos por 100 mil hab., e finalizando a série histórica com incidência de 1,9 casos por 100 mil hab. em 2021. Na distribuição por sexo, houve uma maior proporção de casos no sexo masculino (74,7%), na faixa etária de 40 a 49 anos (18,9%), e na cor parda (90,8%). As manifestações clínicas mais frequentes foram febre (97,1%), emagrecimento (67,0%), aumento do baço (62,3%) e fraqueza (60,0%). A coinfecção com o HIV ocorreu em 20,0% dos casos confirmados. Foram observados um total de 75 óbitos (9,0%) por LV, e os anos que apresentaram uma maior letalidade foram 2015 com taxa de 14,2%, seguido de 2017 com 12,1%. Com a mudança de cenário epidemiológico onde a incidência de casos de LV vem diminuindo nos últimos anos, os casos deslocaram a faixa etária, e se concentraram em adultos. A razão para esse achado deve ser melhor elucidado com a realização de estudos epidemiológicos comparativos e análises situacionais.

Palavras-chave

Leishmaniose visceral; Epidemiologia; Saúde pública; Co-infecção leishmania/HIV; Epidemiologia descritiva