Dados do Trabalho

Título

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE REAÇÕES HANSÊNICAS NO ESTADO DO PARÁ ENTRE 2018 E 2022

Introdução

O desenvolvimento de reações hansênicas constitui uma das principais dificuldades no manejo clínico de pacientes com hanseníase. São caracterizadas por episódios agudos que ocorrem no curso da doença crônica, de natureza imune e inflamatória, que podem causar incapacidades físicas irreversíveis. As principais são a reação Tipo 1 ou reversa (RR), com ou sem neurite, e a reação Tipo 2, cuja manifestação clínica mais frequente é o eritema nodoso hansênico.

Objetivo(s)

Analisar o perfil epidemiológico da ocorrência de reações hansênicas no estado do Pará entre os anos 2018 e 2022.

Material e Métodos

Estudo observacional, transversal, analítico-descritivo e quantitativo. Os dados relacionados ao perfil epidemiológico das reações hansênicas foram obtidos por meio do Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAN), sendo utilizadas as variáveis sexo, escolaridade, raça, faixa etária, desfecho e tipo de reação.

Resultados e Conclusão

No total foram notificados 11.314 casos de hanseníase no período analisado e 1.621 pacientes apresentaram algum tipo de reação hansênica, dos quais 1.184 (73%) tiveram reação Tipo 1, 327 (20,2%) reação Tipo 2 e 110 (6,9%) Tipo 1 e 2. Dentre esses pacientes o sexo masculino representou 1.138 (70,2%) e o feminino 483 (29,8%). O maior número de casos 952 (58,7%) se concentrou naqueles que não tinham o fundamental completo, cor de pele parda 1.215 (74,9%), seguida pela cor preta 191 (11,8%) e branca 177 (10,9%). A faixas etárias mais acometidas foram a de 30 a 39 anos com 349 casos (21,5%), a de 40 a 49 com 321 (19,8%). Com relação ao desfecho, ocorreram 1000 (61,7%) curados, 30 (1,8%) óbitos e outros 591 (36,5%) enquadrados como abandono, transferência ou não preenchido.

Nesse contexto, o presente estudo mostrou que as reações hansênicas são significativas, com desfecho geralmente favorável, sendo a do tipo 1 mais prevalente. Acometem principalmente adultos entre 30 e 49 anos, do sexo masculino, pardos, com baixa escolaridade, o que reforça a associação da hanseníase com baixo nível socioeconômico. Logo, a identificação de fatores associados à ocorrência das reações hansênicas pode contribuir para vigilância desses eventos clínicos, e investimentos em educação em saúde durante e após o tratamento.

Palavras-chave

Hanseníase, Reações Hansênicas, Perfil Epidemiológico.