57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA E SUA CORRELAÇÃO COM O DESMATAMENTO

Introdução

Objetivo(s)

Analisar a distribuição espacial dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e verificar a correlação com o desmatamento nos municípios do estado do Amazonas, durante o período de 2016 a 2020.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, com abordagem quantitativa, que utilizou técnicas de geoprocessamento realizado com os casos de LTA no estado do Amazonas. Os dados sobre os casos de LTA foram obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), os ambientais foram coletados através do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e as informações geográficas e demográficas dos municípios foram obtidas no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na análise espacial foi utilizada a autocorrelação espacial entre o desmatamento e os casos de LTA através do Índice de Moran Global Bivariado (I) e o estimador de densidade de Kernel.

Resultados e Conclusão

Foram analisados 7.499 casos de LTA. O estado do Amazonas apresentou uma taxa de incidência de LTA de 18,4 casos por 10.000 habitantes-ano no período do estudo. Predominou o sexo masculino (79%); faixa etária de 20 a 39 anos (44,7%); a raça/cor parda (79,9%); e em relação a área de residência, a mais frequente foi a zona rural (45,5%). Na análise espacial do desmatamento e sua correlação com a distribuição dos casos de LTA no estado do Amazonas, destacaram-se percentuais muito altos de desmatamento, vegetação secundária, sobretudo, nas áreas mais industrializadas do estado, como em Manaus e seu entorno. O índice de Moran global bivariado verificou autocorrelação espacial positiva e significativa entre os casos de LTA e o desmatamento (I = 0,651; p-valor = 0,017), sugerindo que os municípios que apresentaram elevado número de casos de LTA: Rio Preto da Eva, Manaus, Presidente Figueiredo, Boca do Acre, Apuí, Novo Aripuanã, Lábrea, Humaitá, tendem a estar rodeados por regiões com alto desmatamento. Através da utilização da técnica de Kernel foram observadas concentrações muito altas de casos de LTA para todo o período do estudo nos municípios descritos acima. Conclusão: A análise espacial dos casos de LTA permitiu visualizar o padrão espacial da doença e os resultados apresentados demonstram a necessidade de direcionamento das medidas preventivas e de vigilância epidemiológica para as áreas de maior degradação florestal.

Palavras-chave

Leishmaniose Tegumentar; Vigilância Epidemiológica; Análise Espacial; Amazonas.

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Mirely Ferreira dos Santos, Tamara Nunes de Lima Camara