57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

TAXA DE LETALIDADE DA COVID-19 NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL E FATORES SOCIOECONÔMICOS ENVOLVIDOS

Introdução

A distribuição das doenças infecciosas não ocorre de forma uniforme, e as desigualdades sociais têm papel determinante em sua distribuição e manutenção. A COVID-19 foi identificada no Brasil em fevereiro de 2020 e rapidamente se espalhou por todo o país, afetando fortemente populações socioeconomicamente vulneráveis.

Objetivo(s)

Esta pesquisa teve por objetivo correlacionar a taxa de letalidade da COVID-19 com fatores socioeconômicos no estado de Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

Para isso, foi realizado um estudo transversal, descritivo, retrospectivo, quantitativo que usou como base de análise os municípios do estado de Mato Grosso do Sul. Os dados foram coletados da plataforma SIVEP-Gripe, e foi delimitada ao período de janeiro a dezembro de 2021. Os dados coletados foram referentes a: idade, raça/cor e escolaridade. Também foram avaliados o tipo de internação (enfermaria ou Unidade Terapia Intensiva - UTI).

Resultados e Conclusão

Em 2021 foram notificados 32.190 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e destas, 22.532 foram diagnosticadas SRAG por COVID-19. Considerando o tipo de internação, 69,7% dos pacientes internados em UTI e 17,3% dos internados em enfermaria evoluíram a óbito. Com relação a faixa etária, 58,3% dos óbitos ocorreram em indivíduos acima de 60 anos, o que demonstrou que o desfecho é fortemente influenciado pela idade do paciente. Dentre os indivíduos que declararam raça/cor e evoluíram a óbito, 51,4% eram da raça parda/preta e 46,3% brancos. Em relação a escolaridade, os indivíduos com nível superior representaram 18,1% dos óbitos, enquanto os analfabetos 44,1%, deixando evidente que quanto maior o nível de escolaridade, menor a letalidade da doença. Este fato pode estar relacionado a diferença de renda que provoca disparidades com relação ao acesso aos serviços de saúde. Ao comparar a percentagem de óbitos em brancos com nível superior e pardos/pretos analfabetos, notou-se que pardos/pretos analfabetos apresentaram proporção 2,5 vezes mais de mortes do que brancos com nível superior. Conclui-se que, a maioria dos óbitos por SRAG por COVID-19 no estado de Mato Grosso do Sul ocorreu em indivíduos internados em UTI, com idade superior a 60 anos. Quanto a raça/cor, destacou-se maior quantidade de óbitos em indivíduos da raça pardo/preta e analfabetos, deixando evidente a discrepância quanto ao acesso e qualidade disponibilizados na saúde, demonstrando que as desigualdades sociais afetam esse processo e agravam os desfechos dos casos.

Palavras-chave

Desigualdades sociais; Óbitos; Sars-Cov-2.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Livia de Mello Almeida Maziero, Karine Ferreira Barbosa, Danielle Galindo Martins Tebet, Joseane Recalde Demenciano, Grazielli Rocha de Rezende Romera, Rafael Ovídio de Oliveira, Larissa Domingues Castilho de Arruda, Danielle Ahad das Neves , Danila Fernanda Rodrigues Frias