Dados do Trabalho

Título

Impacto da pandemia do SARS-CoV-2 na transmissão de chikungunya em uma comunidade carente de Salvador - Bahia/Brasil.

Introdução

Moradores de comunidades carentes estão mais susceptíveis a transmissão do SARS-CoV-2, devido à falta de serviços básicos, dificuldades físicas e ambientais para garantir as medidas protetivas. Além disso, estão mais vulneráveis a transmissão por outros patógenos, como chikungunya (CHIKV).

Objetivo(s)

O objetivo deste trabalho foi descrever a prevalência de CHIKV antes e durante a atual pandemia, bem como os fatores associados a transmissão em residentes de uma comunidade carente de Salvador, Brasil.

Material e Métodos

Realizamos dois estudos de corte transversal na comunidade de Marechal Rondon, nos períodos de: abril a setembro de 2018 (antes da pandemia); novembro de 2021 a maio de 2022 (durante a pandemia). Coletamos dados sociodemográficos, estruturais e ambientais, além de amostra de sangue para análise laboratorial, utilizando o teste de ELISA para detecção de anticorpos IgG contra o CHIKV dos residentes com idade ≥5 anos

Resultados e Conclusão

No período antes da pandemia, recrutamos 338 indivíduos, identificando uma prevalência para CHIKV de 5% (16/338). Dos recrutados, 73% relataram terem visto mosquito em casa nos últimos 7 dias. Ao avaliar os fatores que favorecem proliferação do vetor Aedes aegypti, 79% dos participantes relataram armazenar água, devido a constante falta na comunidade e 16% relataram existência de acúmulo de água após períodos de chuva. Já no período durante a pandemia, foram recrutados 863 residentes e prevalência para CHIKV foi de 42% (361/863). A média de idade dos recrutados foi de 36 anos (DP 20), sendo 61% (526/863) do sexo feminino. Avaliando os fatores que favorecem proliferação do vetor, 78% relataram armazenar água, destes, 17% armazenam em barris ou cisternas e 82% relataram terem visto mosquitos nos últimos 7 dias na residência. Identificamos na análise de regressão logística multivariada que idade (OR 1.01; IC 1.00-1.02) e ter visto mosquitos nos últimos 7 dias na residência (OR 1.45; IC 1.01-2.11) foram associados a uma maior chance de ter um resultado positivo para CHIKV. Conclui-se que houve aumento significativo da prevalência de CHIKV associado ao período pandêmico na comunidade estudada, quando comparadas com período antes da pandemia, enfatizando a importância da atenção aos outros agravos co-circulantes em comunidades vulneráveis. A necessidade de armazenamento de água, tornam os residentes destas comunidades mais vulneráveis a proliferação de mosquitos e mais susceptíveis a infecções das doenças negligenciadas, como CHIKV.

Palavras-chave

Chikungunya, Co-circulação, Prevalência

Área

Eixo 08 | Arboviroses