57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Efeitos Fisiológicos da alimentação açucarada em Triatomíneos: uma nova perspectiva para o controle da transmissão do Trypanosoma cruzi

Introdução

Os triatomíneos são insetos vetores transmissores do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Essa doença negligenciada atinge cerca de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo, principalmente na América Latina. Atualmente, não existe vacina ou cura definitiva para essa enfermidade, portanto, o controle do inseto vetor é a melhor ferramenta para reduzir a incidência de casos. Os triatomíneos são considerados obrigatoriamente hematófagos, entretanto, alguns comportamentos alimentares secundários já foram descritos como cleptohematofagia, hemolinfagia e alimentação açucarada. Diáz-Albiter et al. (2016) mostraram que Rhodnius prolixus pode consumir sacarose e tecido vegetal do fruto Solanum lycopersicum, resultando em diversos ganhos fisiológicos. Contudo, muitos aspectos relacionados à importância da alimentação açucarada ainda são desconhecidos. O conhecimento mais aprofundado do papel da alimentação açucarada e a descrição de novas fontes alimentares abre novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias de controle como por exemplo, iscas açucaradas.

Objetivo(s)

Testar a alimentação açucarada como via de entrega de inseticidas em ninfas de primeiro ínstar de R. prolixus.

Material e Métodos

Vinte ninfas de primeiro ínstar de R. prolixus foram expostas a um pedaço de algodão contendo trealose 10% adicionada de diferentes volumes de solução estoque em etanol contendo inseticida (Triflumuron 10 mM; Temephos 10 mM; Deltametrina 5 mg/mL; Permetrina 20 mg/mL), ou ácido bórico a 1%. Os grupos controles foram expostos a água e trealose 10%. Também foram realizados grupos experimentais apenas com a solução de inseticidas. Todos os grupos, após 2 semanas de jejum, foram pesados antes da apresentação às iscas açucaradas e após 24h da exposição aos diferentes compostos. A sobrevivência foi observada durante 4 dias.

Resultados e Conclusão

Ninfas expostas a combinações de inseticidas + trealose ingeriram as soluções após dois dias de exposição (exceto permetrina + trealose), indicando que os insetos ingeriram os inseticidas na presença do açúcar. Apenas a curva de sobrevivência de ácido bórico + trealose apresentou redução significativa quando comparada com os dois controles (água e trealose). A presença do açúcar com os inseticidas resultou em altas taxas de mortalidade dos insetos.
Ninfas de 1º ínstar de R. prolixus ingerem diferentes combinações de inseticidas + açúcar, e a adição do açúcar ao inseticida diminuiu significativamente a sobrevivência dos insetos.


Palavras-chave

Triatomíneos; açúcar; controle vetorial; doença de Chagas

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Mariana Cardoso Costa, Carlos José Carvalho Moreira, Fernando Ariel Genta