57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Circulação atual do vírus rábico em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Objetivos(s)

Objetivou-se relatar casos de raiva em morcegos, gato e cão, ocorridos nos último anos em Belo Horizonte (BH), considerando as mudanças no padrão de ocorrência e de adoecimento por raiva felina e canina, bem como as alterações na relação entre os homens e animais, como alerta de risco e prevenção da doença.

Relato do Caso

O vírus rábico (variante AgV2) foi controlado em BH com a implantação do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva. Porém morcegos positivos para a raiva tem sido registrados anualmente desde 2004, com positividade média de 4,3% (1,5% em 2012 a 6,0% em 2021). Os animais positivos foram encontrados caídos no chão (98%) ou pendurados em locais incomuns durante o dia (2%), vivos ou mortos. A principal variante identificada no município foi a AgV3, circulando principalmente em Artibeus lituratus, morcego de hábito alimentar frugívoro e abundante em áreas urbanas. Em 2021 (após 36 anos) foi identificado um gato positivo para raiva em BH. O gato, alimentado por uma família, foi resgatado do telhado de um imóvel próximo ao local de alimentação, com paralisia das patas traseiras e salivação abundante. O óbito ocorreu no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) municipal dois dias após o resgate com identificação da variante AgV3. Em 2022 (hiato de 33 anos), um cão errante deu entrada no CCZ, oriundo da vigilância e manejo de população animal, com suspeita de infecção por leishmaniose visceral, sem sinais sugestivos de raiva. Em canil coletivo, evoluiu com prostração, vocalização, dois episódios de convulsão, rigidez de membros, edema de cabeça e pescoço. Não houve relato de agressividade ou dificuldade de deglutição. Evoluiu a óbito dois dias após o recolhimento.

Conclusão

Sinais diferentes dos comuns na raiva furiosa podem dificultar a suspeição. Sem ocorrência da doença há mais de três décadas no município, mesmo a salivação excessiva do gato, poderia ser confundida com outros agravos como envenenamento ou engasgo. Quanto aos cães, os sinais paralíticos observados podem ser confundidos com doenças endêmicas da espécie com a cinomose. Estes achados devem ser considerados para reforçar a recomendação de vacinação antirrábica pré-exposição de pessoas sob risco no manuseio constante de mamíferos, especialmente médicos veterinários, biólogos e tratadores de animais, assim como alerta para a vigilância, diagnóstico diferencial entre a raiva e outras doenças e agravos e educação sobre a doença, especialmente para grupos expostos ao risco.
Raiva, Zoonose, Vigilância Epidemiológica

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Autores

MARIA HELENA FRANCO MORAIS, VANESSA DE OLIVEIRA PIRES FIUZA, ALINE DE BEZERRA VIRGINIO NUNES, EDUARDO VIEIRA VIANA GUSMÃO, ERICA MUNHOZ DE MELLO