57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

EVOLUÇÃO DO USO DE COMPLEXO LIPÍDICO PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM LEISHMANIOSES

Introdução

O Complexo Lipídico de Anfotericina B (CLAB) possui estrutura química semelhante à Anfotericina B Lipossomal (ABL), no entanto, seu uso no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é regulamentado para o tratamento apenas das micoses sistêmicas. Embora não esteja contemplado no elenco terapêutico para o tratamento das leishmanioses, em sua bula consta a indicação de uso para pacientes com leishmanioses tegumentar (LT) e visceral (LV), com base em estudos realizados fora do Brasil. Diante da indisponibilidade da ABL na rede de saúde, o CLAB passou a ser disponibilizado no SUS como alternativa terapêutica para as leishmanioses, em caráter de excepcionalidade.

Objetivo(s)

O objetivo deste trabalho foi descrever o desfecho do tratamento de pacientes com leishmanioses após o uso de CLAB, durante o período de desabastecimento da ABL no Brasil.

Material e Métodos

Para análise, foram utilizados dados secundários, obtidos a partir de um banco com registro de dispensação de CLAB, produzidos por instituições solicitantes, e um banco com o registro de casos notificados de leishmanioses no sistema de saúde do Brasil. Os dados foram exportados em software Excel a partir do cruzamento nominal das fontes de dados utilizadas e foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, diagnóstico, coinfecção HIV e evolução. O período de dispensação do CLAB nesse banco foi realizado no intervalo de 19/11/2014 a 19/12/2014, e de 17/09/2018 a 24/04/2019.

Resultados e Conclusão

O registro de saída do CLAB foi identificado para 194 pacientes, dos quais, 74,2% eram do sexo masculino e 85,1% foram diagnosticados com LV. A coinfecção HIV foi registrada em 73 pacientes e 100% destes tinham LV. Quanto ao desfecho (n=67), 89,5% dos casos evoluíram para cura e dentre os que apresentaram desfecho de óbito pela doença (n=4), estes foram diagnosticados com LV. Estes resultados sugerem o uso do CLAB como uma possível opção terapêutica para a LV e LT, no entanto, considerando que as evidências atuais não permitem inferir que há diferença de eficácia e toxicidade entre os tratamentos com as duas formulações lipídicas dispensadas pelo Ministério da Saúde, e que o CLAB não está disponível para o tratamento das leishmanioses no âmbito do SUS, recomenda-se a realização de estudos a fim de subsidiar a ampliação de seu uso na rede pública de saúde para o tratamento das leishmanioses.

Palavras-chave

EVOLUÇÃO CLÍNICA; LEISHMANIOSE VISCERAL; LEISHMANIOSE CUTÂNEA; TRATAMENTO.

Área

Eixo 02 | Tecnologia e Inovação em saúde

Autores

Camila Fernanda dos Santos Santana, Kathiely Martins dos Santos , José Nilton Gomes da Costa, Marcia Leite de Sousa Gomes, Lucas Edel Donato, Marcelo Yoshito Wada, Francisco Edilson Ferreira de Limar Júnior