Dados do Trabalho

Título

ALTERAÇÕES NO LIPIDOMA DE MACRÓFAGOS HUMANO THP-1 INFECTADOS E DE Leishmania (Leishmania) infantum

Introdução

As leishmanioses são doenças negligenciadas causadas por parasitos do gênero Leishmania. A forma clínica mais grave causada pela Leishmania (Leishmania) infantum nas Américas é a Leishmaniose Visceral (LV), que pode ser letal se não tratada. Além das manifestações sistêmicas clássicas da LV, alterações no perfil lipídico plasmático são observadas tanto em humanos quanto em animais infectados com aumento de triglicerídeos (TG), lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) e diminuição de lipoproteínas de alta densidade (HDL). Na infecção humana por L. infantum, observamos anteriormente que níveis elevados de TG e VLDL aumentavam o risco de desenvolvimento da doença ativa. Em um estudo anterior do nosso grupo, observamos em macrófagos THP-1 infectados por promastigotas de L. infantum alterações na expressão de genes ligados ao metabolismo lipídico. Assim, alterações no metabolismo de lipídeos podem desempenhar um papel fundamental no metabolismo tanto de macrófagos quanto de Leishmania.

Objetivo(s)

O objetivo do presente estudo foi caracterizar o lipidoma de amastigotas de L. infantum e macrófagos infectados por L. infantum.

Material e Métodos

Em resumo, a linhagem celular monocítica THP-1 foi diferenciada usando 20 ng/mL de PMA por 24 horas e depois mantida por 48 horas em meio RPMI 1640 com 5% de soro fetal bovino inativado pelo calor, a 37˚C e 5% de CO2. O macrófago THP-1 foi infectado com promastigotas de L. infantum fase estacionária por 6 horas no início do experimento, e então foi avaliado no tempo zero e 24 horas após a infecção. Em cada tempo de infecção, as amastigotas foram recuperadas e purificadas com o rompimento das células hospedeiras por passagens em agulhas de calibre 25G e 27G e centrifugação em gradiente Ficoll 400.

Resultados e Conclusão

A análise lipidômica não direcionada revelou um aumento em espécies de fosfolipídios, esfingolipídios, ácidos graxos livres e ésteres de colesterol nos macrófagos infectados. Interessantemente, observou-se que o perfil lipídico de Leishmania tem alta porcentagem relativa de ácidos graxos livres e esfingolipídeos, em comparação com as amostras celulares. Portanto, os dados sugerem que a interação Leishmania-macrófago levou a alterações no perfil lipídico tanto de parasitos quanto de células hospedeiras. Desse modo, a caracterização e quantificação relativa dos lipídeos alterados podem contribuir para esclarecer os mecanismos fisiopatológicos da Leishmaniose Visceral.

Palavras-chave

Leishmaniose Visceral; Leishmania (L.) infantum; lipidômica; macrófagos THP-1; lipídeos.