57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Aspectos Epidemiológicos e Clínicos da Neurocisticercose em uma Área Endêmica do Nordeste do Brasil

Introdução

A neurocisticercose (NCC) é uma doença neurológica decorrente da infecção do sistema nervoso central por cisticercos do cestódeo Taenia solium, provocando sintomas que comprometem a qualidade de vida do paciente, podendo levá-lo ao óbito. Nacionalmente, são apontadas áreas endêmicas no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, em contraste com áreas de baixa ocorrência, como o Norte e Nordeste. Esse fato pode ser explicado pela a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e diagnóstico e pela carência de estudos e notificação da doença nestas regiões.

Objetivo(s)

Realizar estudo epidemiológico e clínico dos casos de NCC na macrorregião de Picos, na região sudeste do Piauí.

Material e Métodos

Trata-se de estudo epidemiológico retrospectivo descritivo, analisando as variáveis sexo, idade, sinais clínicos, tratamento e evolução de pacientes diagnosticados com NCC entre os anos 2018 e 2021. Os dados foram obtidos dos prontuários clínicos de pacientes atendidos no hospital de referência e em clínica privada de neurologia na cidade de Picos. O diagnóstico foi realizado por meio da observação clínica, considerando o caráter endêmico na região, e confirmado por exames de imagem. O estudo foi aprovado no CEP/UFPI.

Resultados e Conclusão

Identificamos 23 pacientes que atenderam aos critérios clínicos e de imagem para diagnóstico de NCC. Treze indivíduos são do sexo masculino e a idade média foi de 39 anos, variando entre 12 e 73 anos. A localização dos cistos ocorreu sobretudo no parênquima cerebral (19 casos) mas também foram detectados na zona periventricular e intradural na medula espinhal. O sintoma mais relatado foi cefaleia (53,5%), seguida de crises epilépticas (52,2%) e parestesia (13,0%). Outros sintomas foram dor em membro inferior e região lombar, vertigem e turvação visual. Os medicamentos mais utilizados foram antiepilépticos (78,3%), corticosteróides (69,6%) e antihelmínticos, especialmente o albendazol (65,2%). Os pacientes evoluíram para cura, com acompanhamento do profissional neurologista e não foi registrado óbito no período estudado. A NCC é endêmica em Picos, acometendo principalmente adultos com cefaleia e crises epilépticas. O tratamento baseou-se em antiepilépticos, corticosteróides e antiparasitário. Ressalta-se a relevância do estudo, dada a endemicidade da doença na região, a escassez de fontes atualizadas sobre o tema e a variada sintomatologia, que são fatores essenciais para o estabelecimento de conduta terapêutica apropriada.

Palavras-chave

Neurocisticercose; Taenia solium; Epidemiologia; Tratamento; Brasil.


Área

Eixo 07 | Helmintíases

Autores

Argemiro Mendes Feitosa Neto, Fernanda Karielle Coelho Macedo, Daniel Silva Vieira, Monique Benemérita Vilela Gomes, Edvaldo Lucas da Costa Silva, Katrine Bezerra Cavalcanti, Tércio Luz Barbosa, Antonio Ferreira Mendes-Sousa