57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

INFECÇÃO NATURAL POR Trypanosoma cruzi EM CARNÍVOROS SILVESTRES (CARNIVORA: CANIDAE, FELIDAE E PROCYONIDAE) NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Introdução

Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado que infecta diferentes espécies de triatomíneos e mamíferos silvestres e domésticos. Devido à diversidade de vetores e hospedeiros mamíferos, T. cruzi tem sido considerado um agente etiológico generalista.

Objetivo(s)

O presente estudo teve como objetivo detectar a ocorrência da infecção por T. cruzi em carnívoros silvestres de vida livre ou cativos na Amazônia brasileira.

Material e Métodos

O estudo foi realizado com carnívoros silvestres das famílias Canidae, Felidae e Procyonidae que fazem parte da fauna livre ou que estavam cativos em parques Zoobotânicos e Centros de Triagens de Animais Silvestres nos estados do Amapá, Amazonas e Pará. Para a coleta de amostras biológicas, procionídeos de vida livre foram capturados com armadilha tipo Tomahawk, iscadas com frutas e distribuídas nas áreas dos fragmentos florestais dos paques zoobotânicos do Amapá e Pará. Esses animais de vida livre e os carnívoros silvestres cativos nos estados do Amapá, Amazonas e Pará foram mantidos em jejum alimentar por 24 horas para posterior contenção química com a associação de Cloridrato de Tiletamina e Cloridrato de Zolazepan (Zoletil 50®), via intramuscular, sendo a dose calculada de acordo com cada espécie de carnívoro avaliada. A pesquisa da infecção por T. cruzi foi realizada por Nested-PCR e esfregaços sanguíneos.

Resultados e Conclusão

Foram examinados 110 carnívoros silvestres, sendo seis canídeos (Cerdocyon thous n=5 e Speothos venaticus n=1), 44 felídeos (Leopardus pardalis n=16, Leopardus tigrinus n=1, Leopardus wiedii n=2, Panthera onca n=17, Puma concolor n=7 e Puma yagouaroundi n=1) e 60 procionídeos (Nasua nasua n=54, Potos flavus n=2 e Procyon cancrivorus n=4). Todos os canídeos, felídeos e quatro P. cancrivorus, dois P. flavus e dois N. nasua eram cativos e 52 N. nasua eram de vida livre. DNA de T. cruzi foi detectado em 38,2% (42/110) dos carnívoros silvestres, sendo observado animais positivos nos três estados visitados. A parasitemia foi observada em 6,4% (7/110) dos animais, sendo todos N. nasua de vida livre do estado do Pará. Conclui-se que N. nasua, P. cancrivorus, P. flavus, L. pardalis, P. concolor e P. onca podem ser infectados por T. cruzi nas áreas de estudo. N. nasua é um importante reservatório de T. cruzi e pode ser um elo entre os ciclos de transmissão para animais de vida livre e animais cativos no bioma Amazônia.

Palavras-chave

Doença de Chagas, saúde animal, saúde pública, bioma Amazônia, Brasil.

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Sandra de Mamedes Costa, Diana Maria de Farias, Thalyta Chaves da Silva, Lana Danille Oliveira Silva, Larissa Borges Alves, Anna Caroline Silva de Oliveira, Flávia de Nazaré Leite Barros, Fábio Rodrigo Paixão Mourão, Sandra Aparecida Romeiro, Ana Paula Gering, Alessandra Scofield