57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

BRUCELOSE HUMANA RECIDIVANTE

Objetivos(s)

Contribuir com o conhecimento da brucelose humana no Brasil por se tratar de doença negligenciada, desconhecida da maioria dos profissionais da saúde humana, cujo diagnóstico clínico e laboratorial é complexo e difícil, tanto que é conhecida como "A Doença das Mil Faces".

Relato do Caso

A brucelose humana é doença negligenciada, de difícil diagnóstico, que compromete tanto o homem como os animais. Por não ser doença de notificação no Brasil o número de casos humanos é desconhecido. Seu tratamento é complexo e a recidiva pode ocorrer entre 5% a 40%. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino de 35 anos, natural de Damasco - Síria e procedente de São Paulo, onde residia há sete anos. A paciente referia dorsalgia há 5 meses acompanhada de calafrios, cefaleia, dor no membro superior esquerdo, dificuldade para carregar peso, com piora quando ficava muito tempo sentada ou deitada e para realizar as atividades cotidianas, sem melhora com uso de analgésicos. Negou febre. A paciente teve brucelose há 20 anos no País de origem. No exame físico encontrava-se em bom estado geral, em posição antálgica com dor importante a palpação de coluna dorsal na região de T8-T9, sem irradiações. Realizou ressonância magnética da coluna vertebral torácica que mostrou fratura patológica do corpo vertebral T8, com redução da sua altura e retropulsão do seu muro posterior. Após a administração do contraste paramagnético, foi identificado realce do corpo e de partes moles do espaço epidural anterior, assim como partes moles adjacentes ao corpo vertebral, cujos diferenciais por imagem seriam de acometimento neoplásico ou por processo inflamatório-infeccioso local. O resultado do exame anatomopatológico da massa na coluna torácica, obtido por biópsia, mostrou tratar-se de processo inflamatório crônico granulomatoso com fibrose e necrose focal. A pesquisa histoquímica para fungos e bacilo álcool-ácido resistente foi negativa. O diagnóstico etiológico foi estabelecido por sorologia, teste de Rosa Bengala e enzimaimunoensaio IgG reagentes. O tratamento foi realizado com amicacina endovenosa, 1g/dia por 10 dias, rifampicina 600 mg/dia e doxicilina 100 mg de 12/12 horas, ambas por via oral, mantidas por nove meses, com melhora clínica, radiológica e laboratorial.

Conclusão

O diagnóstico precoce é importante, principalmente no acometimento vertebral, pois o diagnosticado tardio pode levar a sequelas neurológicas irreparáveis, podendo ser confundida com a espondilodiscite tuberculosa.

Área

Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias

Autores

Marília Kanebley, Jamal Muhamad Abdul Hamid Suleiman, Suely Sanae Kashino, Rene Leandro Magalhães Rivero, Marcos Vinicius da Silva