57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE COINFECÇÃO TUBERCULOSE-HIV NO ESTADO DO PARÁ NOTIFICADOS ENTRE 2011 E 2021

Introdução

Apesar da existência de medidas terapêuticas e de prevenção bem desenvolvidas, a tuberculose (TB) continua a ser uma doença de prevalência significativa nos países subdesenvolvidos. Nesse contexto, portadores do vírus HIV são cerca de 26 vezes mais propensos a desenvolver TB quando comparados aos indivíduos não infectados pelo vírus, de forma que a testagem para o HIV se tornou recomendação padrão para todos os pacientes com TB.

Objetivo(s)

Analisar o perfil epidemiológico dos casos de coinfecção de TB-HIV, no período de 2011 a 2021 no estado do Pará.

Material e Métodos

Estudo descritivo, realizado a partir da base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/SUS), utilizando as variáveis: sexo, faixa etária, cor, forma da TB, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) associada, terapia antirretroviral (TARV) durante o tratamento para TB e situação de encerramento do caso, no estado do Pará, de 2011 a 2021.

Resultados e Conclusão

Dos 49.095 casos de TB notificados, 4.320 são de coinfecção TB-HIV, sendo o maior número registrado em 2019 (540). O sexo masculino é responsável por 77,7% (3.058) das notificações de coinfecção enquanto o sexo feminino 29,2% (1.262). Em relação a distribuição dos casos por idade, constatou-se que a faixa etária de 20 a 39 anos acumulou 58,2% (2.515) das notificações. No que se refere a cor, a parda apresentou o maior número de casos com 78,2% (3.382) do total. De acordo com as notificações, a forma de TB mais encontrada entre os indivíduos infectados com HIV foi a pulmonar, representando 69% dos casos. Além disso, 92,3% (3.989) dos casos de coinfecção TB-HIV estavam associados a AIDS e, apenas 1.571 dos 4.320 casos, aproximadamente 36%, realizaram TARV durante o tratamento de TB. Quanto à situação de encerramento, 45,5% (1.969) dos 4.320 casos obtiveram cura, 2,8% (122) foram a óbito por tuberculose e 13,2% (573) abandonaram o tratamento e, 38,3% (1.656) dos casos notificados tiveram outras situações de encerramento.

O perfil epidemiológico de coinfecções de TB-HIV na população estudada foi de indivíduos de sexo masculino, jovens, pardos, acometidos por TB pulmonar associada a AIDS. Ressalta-se que a TARV foi administrada a um reduzido número de pacientes durante a coinfecção, o que contraria recomendações do Ministério da Saúde, que defende início da TARV entre 2° e 8° semana do tratamento de TB em caso de diagnóstico simultâneo, e contraindica suspensão dos antirretrovirais em pacientes que já faziam uso de TARV.

Palavras-chave

Tuberculose, HIV, epidemiologia

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Leticia Ribeiro dos Santos, Giulia Vitória Nascimento da Silva, Tiago Monteiro Batista, Gabriel Rezende Neves, Rebeca de Souza da Nóbrega, Francinei Gomes Pinto, Lucas Dias Silva, Tereza Maria Meireles Fernandes da Silva, Valentina Silva Rodrigues, Andrea Luiza Vaz Paes