57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA EM MATO GROSSO DO SUL: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA

Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é considerada uma zoonose vetorial negligenciada com predominância de ocorrência em zonas pobres e periferias urbanas de países tropicais, envolvendo uma complexa cadeia epidemiológica e entrelaçamento multiespecíficos entre seres humanos, cães e flebotomíneos. Apresenta elevada importância em saúde pública por ser uma zoonose grave e fatal, e que apesar do número de casos em humanos permanecerem estáveis, a LV encontra-se em expansão geográfica no Brasil.

Objetivo(s)

A presente pesquisa teve por objetivo caracterizar o perfil epidemiológico da leishmaniose visceral humana no estado de Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

Para essa pesquisa foi realizado um estudo transversal, descritivo, retrospectivo e qualitativo que utilizou como unidade de análise o estado de Mato Grosso do Sul. A amostra foi delimitada ao período de janeiro de 2017 a dezembro de 2021, os dados foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN Estadual, sendo eles referentes a: ano, idade, raça, sexo, sintomas clínicos, zona de residência, critério de confirmação e evolução do caso.

Resultados e Conclusão

No período analisado foram notificados 2.013 casos de LV, e destes, 685 foram confirmados. A faixa etária mais afetada foi de 40 a 49 anos (25,3%) seguida por 1 a 9 anos (21,3%), e a raça foi a parda/preta perfazendo 70,8% dos confirmados. Residiam na zona urbana 96% dos indivíduos acometidos, e 66,1% eram do sexo masculino. Como principais sintomas, 74% apresentaram fraqueza, 69,2% febre, 56,8% emagrecimento, 52% esplenomegalia e 49,9% hepatomegalia. Vale ressaltar que dentre os acometidos, 34,4% eram HIV positivos. O critério de confirmação mais realizado foi o laboratorial (81,7%), o clínico epidemiológico foi utilizado em 18,3% dos casos. Evoluíram para óbito 49 indivíduos, 30,6% tinham idade acima de 60 anos, e 65,3% eram da raça parda/preta. A taxa de letalidade da doença no período compreendeu 7,2%. Conclui-se que a leishmaniose visceral no estado de Mato Grosso do Sul está ocorrendo mais em crianças e indivíduos economicamente ativos, porém os óbitos atingem mais a população idosa. Além disso, a taxa de letalidade da doença no estado está elevada, compreendendo principalmente pessoas da raça parda/preta, o que reforça que a afecção possui caráter socioeconômico. Ações de vigilância com foco em saúde única para combate a leishmaniose visceral no estado devem ser instituídas visando a diminuição da ocorrência do agravo no estado.

Palavras-chave

Leishmania, Lutzomyia longipalpis, Saúde Pública

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Danila Fernanda Rodrigues Frias, Rafael Ovídio de Oliveira, Larissa Domingues Castilho de Arruda, Danielle Ahad das Neves, Livia de Mello Almeida Maziero, Danielle Galindo Martins Tebet, Joseane Recalde Demenciano, Grazielli Rocha de Rezende Romera, Karine Ferreira Barbosa