57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Dinâmica de transmissão do vírus Mayaro pelas espécies Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus em camundongos imunodeprimidos

Introdução

As arboviroses são infecções causadas por vírus transmitidos por artrópodes. No Brasil, destacam-se os vírus Dengue, Zika e Chikungunya e, além desses, há circulação de diversos arbovírus zoonóticos, como por exemplo, o vírus Mayaro (MAYV). MAYV é transmitido por mosquitos Haemagogus e circula em ambientes silvestres das regiões Norte e Centro-Oeste do país desde a década de 1980, com aumento de casos em humanos nos últimos 10 anos. Em outras regiões, estudos com Aedes aegypti demonstram a competência vetorial da espécie e a detecção de MAYV em populações urbanas.

Objetivo(s)

Considerando as duas espécies mais abundantes no ambiente urbano, o objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica de transmissão de MAYV por Ae. aegypti e Culex quinquefasciatus de Recife-PE.

Material e Métodos

Linhagens de laboratório (RecLab e CqSLab) foram alimentadas artificialmente com sangue contendo MAYV (4 x 107 PFU/ml) e mantidas em infectório NB2. No 7º dia pós-infecção (dpi), camundongos IFNAR BL/6 (-Ifnar1tm1.2Ees/J) foram pesados, anestesiados e então disponibilizados como fonte sanguínea para os mosquitos por 20 minutos (CEUA IAM 166/2021). Em seguida, foram colocados de volta em micro isoladores e observados diariamente. Após o aparecimento de sinais clínicos de infecção, foi realizada uma segunda pesagem, anestesia e os animais foram novamente disponibilizados como fonte sanguínea para um novo grupo de mosquitos. Após o repasto dos mosquitos “limpos”, foi realizada a coleta de sangue total, órgãos e eutanásia. As amostras dos animais e mosquitos foram submetidas a RT-qPCR para quantificação viral e titulação por ensaio de placa.

Resultados e Conclusão

Três experimentos independentes foram realizados com o modelo de transmissão. Todos os 12 animais do grupo teste da espécie Ae. Aegypti apresentaram sinais clínicos de infecção, com variação de viremia de 2,5 x 108 a 5 x 109 PFU/ml. Em relação ao grupo teste de Cx. quinquefasciatus e grupos controles, todos os animais se mantiveram saudáveis. Os mosquitos do segundo repasto foram processados por RT-qPCR e encontrada a taxa de 50% de infecção para Ae. aegypti. No presente estudo, a utilização de um modelo animal murino mostrou-se eficiente e sugere a competência vetorial da espécie Ae. aegypti para MAYV e a avaliação do ciclo de transmissão de forma completa. Esse modelo pode ser empregado para estudos de transmissão, com populações de mosquitos de laboratório e campo, bem como com outros arbovírus de importância médica.

Palavras-chave

Mayaro, Ae. aegypti, Cx. quinquefasciatus, IFNAR BL/6.

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Larissa Krokovsky, Carlos Ralph Batista Lins, Duschinka Ribeiro Duarte Guedes, Gabriel da Luz Wallau, Marcelo Henrique Santos Paiva, Constância Flávia Junqueira Ayres