Dados do Trabalho
Título
Fatores Epidemiológicos e Clínicos Associados à Letalidade da Leishmaniose Visceral Humana no Ceará, Brasil, 2007 a 2018
Introdução
A Leishmaniose Visceral Humana (LVH) apresenta evolução crônica com envolvimento sistêmico, o que pode resultar em um alto índice de casos fatais, especialmente em indivíduos sem tratamento ou com baixo status socioeconômico.
Objetivo(s)
Identificar fatores epidemiológicos e clínicos associados às mortes de LVH no estado do Ceará, no período de 2007 a 2018.
Material e Métodos
Estudo transversal analítico baseado em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. A evolução do caso (óbito ou cura) foi considerada uma variável dependente, e as variáveis independentes incluíram: sexo; faixa etária; raça; escolaridade; município de residência; coinfecção LVH-HIV; medicamento inicial; e manifestações clínicas. A análise foi realizada pelo Stata 15.1, utilizando-se o teste Qui-quadrado de Pearson ou o exato de Fisher e uma regressão Poisson multivariada controlada por idade.
Resultados e Conclusão
Foram confirmados 6.066 casos de LVH. Destes, 4.863 (80,17%) foram classificados como casos novos e 343 evoluíram para óbito por LVH, com uma letalidade de 7,05%. Na análise bivariada, a letalidade foi mais expressiva em homens, acima de 60 anos, negros, analfabetos e residentes urbanos. Após a regressão de Poisson, os fatores de risco associados à letalidade foram as faixas etárias extremas: <1 ano (RR=3,38; 95%CI:1,76-6,49), >60 anos (RR=10,48; 95%CI:5,62-19,58); raça negra (RR=2.01; 95%CI:1,20-3,33); presença de icterícia (RR=2,36; 95%CI:1,91-2,92); tratamento inicial com anfotericina B (RR=1,41; 95%CI:1,09-1,84); e indivíduos não tratados (RR=4,43; 95%CI:3,22-6,09). O tratamento com antimonial pentavalente reduziu a proporção de óbitos (RR=0,36; 95% CI:0,26-0,49). O uso de antimonial pentavalente e anfotericina B estavam associados à maior letalidade, mas não foram fatores causais. Por outro lado, o não tratamento levou a um alto risco de óbito. Portanto, conclui-se que extremos de idade, ser da etnia negra, presença de icterícia, uso de anfotericina B e pacientes não tratados foram fatores de risco para casos fatais. A detecção precoce dos casos, o tratamento adequado e a educação contínua dos profissionais de saúde são recomendados para a vigilância da LVH. O conhecimento dos fatores associados à letalidade pode ajudar a melhorar as políticas públicas, qualificando o programa de vigilância epidemiológica da LVH no estado do Ceará.
Palavras-chave
Leishmaniose Visceral; Letalidade; Fatores de Risco; Vigilância Epidemiológica.
Área
Eixo 06 | Protozooses
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Kellyn Kessiene de Sousa Cavalcante, Evelyne Rodrigues Feitoza, Maria Vilani de Matos Sena, Francisco Roger Aguiar Cavalcante, Reagan Nzundu Boigny, Caroline Mary Gurgel Dias Florêncio, Francisco Gustavo Silveira Correia, Carlos Henrique Alencar