Dados do Trabalho

Título

Emergência de Klebsiella pneumoniae multidroga resistente produtora de New Delhi Metallo-β-lactamase (NDM) em 16 hospitais no estado do Pará durante a pandemia da COVID-19.

Introdução

Durante a pandemia da COVID-19 observou-se o aumento da prevalência de microrganismos multidroga resistentes (MDR) em hospitais. Neste cenário, infecções por bactérias produtoras da carbapenemase do tipo New Delhi Metalloβlactamase (NDM) possuem grande relevância pela rápida disseminação e poucas opções terapêuticas.

Objetivo(s)

Caracterizar a frequência de isolados de K. pneumoniae produtores de NDM recebidos na rotina de vigilância da resistência antimicrobiana (RVRA) em hospitais nos estados do Pará e Acre antes e durante a pandemia da COVID-19.

Material e Métodos

Foram analisados todos os isolados de K. pneumoniae recebidos no Instituto Evandro Chagas pela RVRA no período de 2018 a 2021 (n=633) de pacientes internados em 25 hospitais públicos e privados do Pará e Acre. Excluíram-se as amostras com resultados incompletos ou de mesmo paciente restando 616 isolados de K. pneumoniae MDR. As amostras foram submetidas a extração de DNA e a detecção do gene blaNDM foi realizada por Reação em Cadeia mediada pela Polimerase (PCR), seguido de eletroforese em gel de agarose.

Resultados e Conclusão

Dentre os 616 isolados analisados, 30,8% (n=190) foram positivos para NDM, oriundos de pacientes internados em 16 hospitais, 13 em Belém e três no interior do Pará. Não houveram casos positivos para NDM nas amostras do Acre. O ano de 2021 concentrou a maior parte de positividade com 89,4% (n=170/190), coincidindo com o período da 2º onda da COVID-19 no Pará. Em comparação aos anos anteriores: 2018 com 1,5% dos casos (3/190), 2019 com 6,3% (12/190) e 2020 com 2,6% (5/190). Com relação ao material biológico, o swab de vigilância obteve a maior frequência 39,4% (75/190), seguido de sangue 18,4% (35/190), urina 17,3% (33/190), secreção traqueal 13,1% (25/190) e 11,5% (22/190) de outros materiais. Em relação a unidade de internação, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) apresentaram maior frequência de casos positivos com 46,8% (89/190), seguido de clínicas diversas 21% (40/190), alas cirúrgicas 15,7% e 16,3% (31/190) de outros setores hospitalares. O significante aumento de K. pneumoniae MDR produtora de NDM foi observado em diversos hospitais do Pará, especialmente durante a 2º onda da COVID-19 em 2021. Dessa forma, destaca-se a relevância do monitoramento e vigilância de microrganismos MDR produtores de carbapenemases em serviços de saúde, especialmente K. pneumoniae, patógeno endêmico em hospitais no Brasil e considerado crítico pela Organização Mundial de Saúde.

Palavras-chave

Klebsiella pneumoniae, COVID-19, resistência bacteriana, NDM.