57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

PERFIL DOS REGISTROS DE DISPENSAÇÃO DA MILTEFOSINA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO: UMA AVALIAÇÃO DESCRITIVA

Introdução

Em 2018, o Ministério da Saúde do Brasil tornou pública a incorporação do medicamento miltefosina (MLT) para o tratamento de pessoas com leishmaniose tegumentar (LT) no âmbito do Sistema Único de Saúde. Dos aspectos do protocolo de uso estabelecido nacionalmente, destaca-se a estratégia de monitoramento e controle do uso estabelecida mediante a rotina de registro das dispensações através da coleta de dados via formulário eletrônico operacionalizado na plataforma REDCap.

Objetivo(s)

Descrever o perfil dos registros de dispensação da MLT no Brasil.

Material e Métodos

Considerou-se para a análise descritiva os registros de dispensação ocorridos entre 29/01/2021 (primeiro registro) e 23/04/2022 (último registro), consultados no REDCap em 25/04/2022. O banco de dados foi exportado e analisado no software Excel.

Resultados e Conclusão

Registraram-se 630 dispensações, das quais 580 foram consideradas na análise por consistirem em registros completos. Referente ao local de dispensação, aproximadamente 44% ocorreram nas diversas capitais brasileiras, enquanto que 21% dos pacientes eram residentes nas capitais. Do total, 80% foram do sexo masculino, com idade superior a 50 anos (49%), tendência refletida também para o sexo feminino (75%). Cerca de 81% dos registros relacionaram-se a casos novos de LT. O exame parasitológico foi o método mais frequente de diagnóstico (70%). A forma cutânea da doença esteve majoritariamente atrelada aos registros de dispensação de MLT (85%), seguida da forma mucosa (12%). Em 61% dos registros a espécie de Leishmania foi desconhecida ou não informada. Os resultados indicam que a MLT no Brasil tem sido predominantemente empregada no tratamento de pessoas do sexo masculino, com leishmaniose cutânea e sem história prévia da doença. No sexo feminino o uso concentra-se em pessoas com mais de 50 anos, o que pode estar relacionado ao risco de teratogenicidade embora essa hipótese necessite ser melhor elucidada. O local de registro, quando confrontado com o local de residência do paciente, pode apontar para a oportunidade de adoção de estratégias de promoção do acesso.

Palavras-chave

LEISHMANIOSE CUTÂNEA, MILTEFOSINA, MONITORAMENTO DE DROGAS TERAPÊUTICAS.

Área

Eixo 02 | Tecnologia e Inovação em saúde

Autores

Kathiely Martins dos Santos, Camila Fernanda dos Santos Santana, José Nilton Gomes da Costa, Márcia Leite de Sousa-Gomes, Lucas Edel Donato, Marcelo Yoshito Wada, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior