57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Série de casos com manifestações hemorrágicas atendidos em serviço de urgência e emergência de Cametá/Pará, no período de dezembro-2021 a fevereiro-2022

Introdução

Em dezembro/2021 a Vigilância Epidemiológica Hospitalar de Cametá/Pará emitiu alerta sobre a ocorrência de casos com hemorragia associada a sintomas respiratórios sem etiologia esclarecida.

Objetivo(s)

Investigar os casos com manifestações hemorrágicas sem etiologia esclarecida ocorridos em Cametá/Pará em dezembro/2021 a fevereiro/2022.

Material e Métodos

Para composição da série de casos, foram analisados retrospectivamente os casos atendidos em unidades de urgência ou emergência de Cametá entre 01/12/2021 e 15/02/2022, que apresentaram manifestações hemorrágicas sem etiologia esclarecida e febre. Foram coletadas informações de prontuários médicos, resultados de exames e realizadas entrevistas com os proxys utilizando questionários semiestruturados.

Resultados e Conclusão

Foram avaliados 823 prontuários e identificados 17 casos com manifestações hemorrágicas sem etiologia esclarecida e febre. Após análises clínicas e parâmetros laboratoriais avaliados por médicos especialistas, os casos foram diagnosticados como: pneumonia (5/17), covid-19 (3/17), leishmaniose visceral (2/17), encefalite por Influenza A (1/17), úlcera gástrica crônica com hemorragia digestiva alta (1/17), dengue grave (1/17), hepatopatia crônica descompensada com hemorragia digestiva alta (1/17), mononucleose infecciosa grave com necrose de amígdala (1/17). Dois casos permaneceram sem etiologia esclarecida com as seguintes suspeitas: febre amarela ou arenavírus (1/17) e dengue, leptospirose, febre amarela ou hantavirose (1/17), sem coleta de amostras. Dos 17 casos, 64,7% eram do sexo masculino e a mediana de idade de 34 anos (Q1=20; Q3=50). A mediana de internação foi de dois dias (Q1=1; Q3=4); 70,6% residiam no município de Cametá. Os sintomas mais frequentes foram tosse produtiva (15/17) e falta de ar (13/17). Hemoptise foi a hemorragia mais frequente (13/17) e hemorragia difusa (mais de um sítio hemorrágico) ocorreu em 11/17 casos. A letalidade foi de 82,3% (14/17). Concluímos que ocorreu um aglomerado de casos com manifestações hemorrágicas em Cametá, com diferentes causas etiológicas, possivelmente identificado devido às ações de fortalecimento do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia de Cametá resultantes da ampliação da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (RENAVEH) em 2021. Recomenda-se realizar diagnóstico diferencial dos casos com manifestações hemorrágicas sem causa definida, priorizando os exames para malária, dengue, febre amarela, leptospirose e hantavírus.

Palavras-chave

Epidemiologia Descritiva; Hemorragia, Hotspot de Doença

Área

Eixo 01 | Ambiente e saúde

Autores

Giselle Souza Paz, Morgana Freitas Caraciolo, Jonatas Bezerra Tavares, Veronilce Borges, Mairley Albuquerque Serrão, Diana Costa Lobato, Camile de Moraes, Silvio Luis Rodrigues Almeida, Ho Yeh Li, Carlos Henrique Michiles Frank, Igor Gonçalves Ribeiro