Dados do Trabalho
Título
Caracterização de α-glicosidases de espécies de Anopheles spp. do Brasil, com ênfase na sua capacidade de interação à toxina binária do Lysinibacillus sphaericus
Introdução
Lysinibacillus sphaericus é um agente eficaz no controle biológico de mosquitos. A ação inseticida dessa bactéria é mediada pela interação de sua toxina binária (Bin) com receptores específicos presentes no microvilli intestinal das larvas de espécies de insetos suscetíveis a este biolarvicida. Este receptor foi caracterizado como uma α-glicosidase com ortólogos presentes em Culex quinquefasciatus (Cqm1), Anopheles gambiae (Agm3) e Aedes aegypti (Aam1), sendo que variações em sua sequência foram associadas a susceptibilidade ou resistência à toxina Bin. A investigação de proteínas ortólogas em outras espécies de mosquitos auxiliará na compreensão do modo de ação do L. sphaericus no controle de outros vetores.
Objetivo(s)
O trabalho teve como objetivo caracterizar α-glicosidases ortólogas ao receptor Cqm1 da toxina Bin em espécies de Anopheles spp. avaliando sua potencial interação com esta toxina.
Material e Métodos
Para isso, genes ortólogos foram amplificados por PCR, a partir dos DNAs extraídos de sete espécies de Anopheles spp do Brasil, coletados em uma região de surto de malária extra amazônica. Estes genes foram clonados, sequenciados e analisados in silico. A potencial interação das proteínas preditas com a toxina Bin foi avaliada por meio de docking molecular, destacando possíveis regiões de interação em comparação com α-glicosidases já descritas.
Resultados e Conclusão
Como resultados, obtivemos as sequências parciais dos genes, e de suas respectivas proteínas, nas espécies investigadas de Anopheles spp. Estas apresentaram alta identidade com Cqm1 (>70%) e com Agm3 (>80%). A região S129-A312, importante para ligação à toxina Bin na Cqm1, está parcialmente conservada nas diferentes proteínas. Os resultados de docking molecular mostraram variações no potencial de ligação in silico destas proteínas com a toxina Bin, considerando os valores de energia livre menores e mais próximos ao valor obtido por Cqm1 (<-240). Proteínas de An. aquasalis, An. braziliensis, An. albitarsis, An. minor, An. argyritarsis e An. sawyeri apresentaram menores energias livres de ligação quando comparadas a de An. triannulatus, evidenciando que, de acordo com os resultados in silico, as primeiras seis espécies citadas podem ter capacidade de interação com a toxina Bin e são potencialmente suscetíveis a ação do L. sphaericus. Estes resultados validam a investigação do uso deste larvicida no controle de importantes espécies de Anopheles do Brasil.
Palavras-chave
Toxina binária; Receptores celulares; Mosquitos vetores; Modo de ação;
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Milena Danielle Oliveira Cordeiro, Crhisllane Rafaele Santos Vasconcelos, Elisama Helvécio, Derciliano Lopes da Cruz, Marcelo Henrique Santos Paiva, Constância Flávia Junqueira Ayres, Osvaldo Pompílio de Melo Neto, Tatiany Patricia Romão