Dados do Trabalho
Título
Intradermorreação de Montenegro: correlação com evolução clínica e resposta terapêutica na leishmaniose cutânea.
Introdução
A leishmaniose tegumentar (LT) causada por protozoários do gênero Leishmania tem a forma clínica mais usual a leishmaniose cutânea (LC) representada por úlceras com bordas elevadas e fundo granuloso. O diagnóstico por demonstração direta do parasito em material da lesão, utilizando-se meios de cultura ou reação em cadeia de polimerase (PCR) é ideal, porém restritas a centros de referência. A intradermorreação de Montenegro (IDRM) era, até pouco tempo, o único recurso auxiliar no diagnóstico da LT. Possui boa sensibilidade (86 a 100%) e especificidade de quase 100%.
Objetivo(s)
Avaliar a associação da negatividade da IDRM com o curso clínico e desfecho terapêutico de pacientes com LC.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na área endêmica de Corte e Pedra na Bahia. Participantes foram pacientes com LC ativa que tinham a IDRM negativa, virgem de tratamento e com controles, pacientes com LC e IDRM positiva, pareados por sexo, idade. Foi coletado tecido por biopsia para PCR e anatomopatológico, e sangue para avaliação da resposta imune. O antígeno solúvel de leishmania (ASL) foi feito utilizando isolado de L. braziliensis (MHOM/BR/2001) e o teste realizado com inoculação de 25 μg do antígeno em 0,1ml na superfície ventral de antebraço e a induração medida entre 48 a 72 horas. O teste foi positivo quando a induração era igual ou maior que 5mm.
Resultados e Conclusão
Entre 2016 e 2020 foram avaliados 72 pacientes com LC e Montenegro negativo e 72 controles. Não houve diferença com relação a idade e o sexo. O grupo de Montenegro negativo apresentou, quando comparado com o grupo controle, maior média de tempo de evolução da doença (58, 5± 41,6 X 37,2±17,6 dias P=0.0002). O número de lesões foi semelhante, mas a área da maior lesão (1078±3008 mm2 X 239,1± 254,1mm2 P= 0.02) e a taxa de falha ao tratamento com antimonial (56,6% X 29,5% P=0.003) foi maior no grupo com Montenegro negativo do que no observado em pacientes com Montenegro positivo. O tempo de cura foi também maior nos pacientes Montenegro negativo comparados aos positivos (122,2±87,1 X 79±52,5 dias P=0.001). Houve ainda no grupo de pacientes Montenegro negativos, maior necessidade de tratamento com drogas de segunda escolha e presença de lesões atípicas.
Conclusão: A intradermorreação de Montenegro pode ser um importante marcador de presença de lesões atípicas, maior área ulcerada, maior falha terapêutica e maior tempo para alcançar a cura, indicando a necessidade de tratamento mais eficaz.
Palavras-chave
Leishmaniose, intradermorreação, terapêutica.
Área
Eixo 06 | Protozooses
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Luiz Henrique Guimarães, Jamile Souza Lago, Augusto Marcelino Carvalho, Emília Gabriela Ferreira, Sérgio Marcos Arruda, Edgar Marcelino Carvalho