57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Surto de malária no município de Miguel Alves, Piauí, 2021: um estudo de série de casos

Introdução

A malária tem um grande impacto na saúde pública mundial, com registro de 219 milhões de casos em 2020. No Brasil, cerca de 99,9% dos casos estão concentrados na região amazônica, embora surtos esporádicos ocorram na região extra-amazônica, favorecendo o aumento de casos em áreas não-endêmicas.

Objetivo(s)

Descrever características epidemiológicas e sociodemográficas dos casos ocorridos em surto de malária em região não-endêmica.

Material e Métodos

Série de casos considerando como caso: indivíduo residente em Miguel Alves/Piauí em agosto/2021 com malária diagnosticada através de gota espessa durante o surto. Os dados foram coletados dos prontuários e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, através de questionário semiestruturado e analisados por meio de estatística descritiva.

Resultados e Conclusão

Foram diagnosticados 12 casos, sendo um importado da região amazônica e 11 autóctones. Dos 12, nove (75,0%) eram homens, com mediana de idade de 28 anos (mínimo: 06 e máximo: 61 anos), 10 (83,3%) da raça/cor parda e sete (58,3%) com ensino fundamental incompleto. Os sintomas mais frequentes foram febre (91,6%), calafrios (75,0%) e astenia (58,3%). Tanto o diagnóstico quanto o tratamento foram inoportunos, com mediana de 23 (mínimo: zero e máximo: 115 dias) e 21 dias (mínimo: 02 e máximo: 119 dias), respectivamente. Metade dos casos foram hospitalizados e nenhum evoluiu ao óbito. Todos residiam em zona rural, em casas de pau-a-pique e próximas a áreas de mata. Oito (66,7%) eram agricultores e a mediana de renda familiar per capita de R$ 50,00. 100% relataram a presença de mosquitos na residência e nenhum caso referiu o uso de medidas de proteção contra picada de insetos.O surto ocorreu a partir da introdução de um caso de malária importado de área endêmica. Ademais, as características ambientais e socioeconômicas colaboraram para manutenção da parasitemia em área não endêmica. O diagnóstico e tratamento tardio podem ter contribuído para a evolução da doença e hospitalização dos casos. A busca ativa de casos, distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticidas e a capacitação dos profissionais da saúde pelas Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, além do Ministério da Saúde, contribuíram para o controle do surto. Recomendou-se educação em saúde com foco na prevenção da malária, monitoramento dos casos para identificação de recorrências e oportunização do diagnóstico e tratamento.

Palavras-chave

Doença Malárica. Doença Transmitida por Vetores. Investigação de Surtos de Doenças. Infecções por Protozoários.

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Pedro Alcântara Brito Junior, Matheus Santos Melo, Mauro Fernando Barbosa Chagas, Leopoldina Cipriano Feitosa, Josane Gomes Silva, Raquel Alves Ribeiro, Camile Moraes, Luis Antonio Alvarado Cabrera