Dados do Trabalho
Título
Doença de Haff: descrição de um surto no estado do Amazonas, agosto a outubro de 2021
Introdução
A doença de Haff consiste em uma síndrome rara caracterizada por rabdomiólise de etiologia desconhecida, com quadro clínico de dor muscular intensa e elevação súbita de creatinofosfoquinase (CPK) em até 24 horas após a ingestão de pescado. Suspeita-se que uma toxina termoestável esteja relacionada ao adoecimento.
Objetivo(s)
Confirmar a existência de surto, descrever as características dos casos e propor recomendações.
Material e Métodos
Estudo do tipo série de casos desenvolvido entre 20 de agosto e 16 de outubro de 2021 nos municípios de Manaus, Itacoatiara e Parintins, no Amazonas. Definição de caso adotada: indivíduo que apresentou alteração muscular de etiologia desconhecida com início súbito e elevação sérica de CPK (pelo menos cinco vezes o limite superior do valor de referência). A coleta de dados foi por meio de uma ficha de notificação, prontuários médicos e questionário semiestruturado. Os dados foram analisados utilizando medidas de frequência absoluta e relativa, de tendência central e dispersão. Para análise de dados foi utilizado o EpiInfo.
Resultados e Conclusão
Das 97 notificações, 44 foram descartadas por apresentarem rabdomiólise de etiologia conhecida e 53 atenderam à definição de caso. Foram entrevistados 41 casos, sendo 27(65,8%) de Itacoatiara, 12(29,3%) de Parintins e 02(4,9%) de Manaus. Quanto ao sexo, 25(61,0%) eram homens, 21(51,2%) na faixa etária entre 40-59 anos, 31(75,0%) pardos e 24(58,5%) residentes de zona urbana/periurbana. Todos os peixes consumidos pelos casos eram de vida livre, 25(61,0%) consumiram o peixe assado e o mais consumido (n=19; 46,4%) foi o Tambaqui (Colossoma macropomum). Todos os casos apresentaram mialgia e 30(73,2%) apresentaram lombalgia, fadiga e mal-estar. A mediana de tempo entre a ingestão de pescado e o início de sintomas foi 5 horas e 30 minutos (intervalo: 0-24h). A mediana de CPK foi 5.170U/L (intervalo: 1.102U/L-77.800U/L). Todos os casos precisaram de internação hospitalar e dois evoluíram a óbito. Foi confirmado um surto da doença de Haff nos municípios estudados e os resultados contribuíram para a compreensão da doença. Recomendou-se: monitoramento e notificação de novos casos; coleta de amostras clínicas e bromatológicas (de pescados ingeridos pelos casos) e qualificação dos profissionais quanto ao diagnóstico diferencial de rabdomiólise e coleta de amostras biológicas em tempo oportuno.
Palavras-chave
Doenças transmitidas por alimentos; Rabdomiólise; Ingestão de alimentos; Peixes.
Área
Eixo 01 | Ambiente e saúde
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Samara Carolina Rodrigues, Roberta Mendes Abreu Silva, Geovana Ribeiro Pinheiro, Tatyana Costa Amorim Ramos, Janaína de Sousa Meneze, Camile de Moraes, Luis Antônio Alvarado Cabrera