57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

PREVALÊNCIA SOROLÓGICA DO VÍRUS DA HEPATITE A EM REMANESCENTES QUILOMBOLAS DO MUNICÍPIO DE MOCAJUBA, PARÁ, BRASIL

Introdução

A Hepatite A representa um grave problema de saúde pública mundial, tendo como principal forma de transmissão a via fecal-oral, por veiculação hídrica e de alimentos contaminados. Por se tratar na maioria dos casos de infecção assintomática ou oligossintomática, a hepatite A entre as hepatites virais destaca-se por ser a de maior frequência no mundo, com elevada prevalência em populações quilombolas, indígenas, ribeirinhas, dentre outras residentes em áreas silvestres ou rurais, devido as grandes barreiras no acesso às estratégias de prevenção, diagnóstico, assistência e vigilância.

Objetivo(s)

Identificar a prevalência sorológica do vírus da hepatite A (VHA) em remanescentes quilombolas da comunidade São Pedro do Vizeu, conhecida popularmente como Vila Vizânia, município de Mocajuba, Pará, Brasil.

Material e Métodos

Estudo descritivo, exploratório, quantitativo, de corte transversal, que incluiu membros de 25 famílias da comunidade Vila Vizânia. Os participantes foram avaliados conforme as variáveis: sexo, idade, procedência, resposta sorológica para o anticorpo contra o VHA (anti-VHA) e fatores de risco. Os testes sorológicos foram realizados, em laboratório de referência para hepatites virais, na Amazônia, por técnica imunoenzimática (ELISA) envolvendo o marcador anti-VHA total. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos.

Resultados e Conclusão

Participaram da pesquisa 270 indivíduos sendo 55,2% (149/270) do sexo feminino. Quanto aos fatores de riscos, 99,2% (268/270) despejava água à céu-aberto; 80% (216/270) possuíam banheiros fora das casas; 54,8% (148/270) consumiam água do rio e apenas 1,8% (5/270) enterrava o lixo produzido. Entre os examinados, 74,4% (201/270) apresentavam anti-VHA reagente, sendo a maioria do sexo feminino, em 56,2% (113/201), principalmente na faixa etária entre 11 e 20 anos (23,8%, 48/201), a média de idade era de 32,5 anos e a mediana de 30 anos. De acordo com a literatura, existe uma relação direta entre as más condições de saneamento básico e a proliferação da hepatite A, evidenciada neste estudo, considerando que a transmissão da hepatite A ocorre principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados. A prevalência de 74,4% para anti-VHA total, revelada pelo estudo caracterizou elevada endemicidade do VHA na comunidade. Sugerindo-se estudos adicionais na área, quanto aos aspectos de saúde ambiental, para auxiliar nas estratégias de controle da doença.

Palavras-chave

Epidemiologia; Hepatite A; Soroprevalência

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Autores

Letícia Gomes de Oliveira, Candida Maria Abrahão de Oliveira, Dickson Ciro Nascimento de Brito, José Raul Rocha de Araújo Júnior, Heloisa Marceliano Nunes