57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Indicadores operacionais da hanseníase evidenciam precariedade na assistência aos doentes em Mato Grosso do Sul

Introdução

A hanseníase é uma doença dermato-neurológica, infecciosa, sistêmica ou localizada, debilitante, causada por Mycobacterium leprae. A magnitude e o alto poder incapacitante continuam mantendo a doença no Brasil, como um problema de saúde pública. As incapacidades sinalizam diagnóstico tardio, tratamento insuficiente ou incorreto, inadequado manejo dos surtos reacionais e precariedade na assistência médica e de fisioterapia.

Objetivo(s)

Avaliar indicadores de serviço do programa de controle da hanseníase relacionados a incapacidade física entre casos novos residentes em Mato Grosso do Sul, notificados ou encerrados no período de 2016 a 2020.

Material e Métodos

Pesquisa descritiva, quantitativa, com dados secundários coletados no SINAN, na base estadual. Os indicadores tabulados foram, a) proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física (GIF) avaliado no momento do diagnóstico; b) proporção de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física (GIF II) no momento do diagnóstico; c) proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado na cura (GIF II), nos anos das coortes. O manual para tabulação dos indicadores de hanseníase (2018) foi consultado e analisado conforme recomendações do Ministério da Saúde.

Resultados e Conclusão

RESULTADOS: Entre os 1.895 casos novos a avaliação do GIF no diagnóstico foi realizada em 81,79% (1550/1895) com presença de GIF II em 12,84% (199/1550). Nas coortes de cura das formas paucibacilares (PB) a avaliação do GIF foi realizada em 76,15% (249/327) com presença de GIF II em 2,41% (6/249). Nas coortes de cura das formas multibacilares (MB) a avaliação do GIF foi realizada em 69,93% (1191/1703) e presença de GIF II em 6,93% (83/1191). Tanto para casos PB como MB a avaliação do GIF na alta foi insuficiente, exceto para 2016. CONCLUSÃO: Embora a avaliação de GIF no diagnostico seja regular, o percentual de GIF II encontrado supera os 10% aceitáveis, sinalizando diagnostico tardio. A precariedade da avaliação de incapacidade física e/ou registros inviabilizam conclusões consistentes entre os diagnosticados. O retardo no diagnóstico favorece instalação de incapacidade física permanente, manutenção da cadeia de transmissão, fomentando o estigma na comunidade e o sofrimento humano. É fundamental o fortalecimento das ações de busca de casos entre contatos e melhoria da assistência nas diversas fases do tratamento e monitoramento dos registros.

Palavras-chave

Hanseníase; Pessoas com Deficiência; Assistência Integral à Saúde; Vigilância Epidemiológica.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias

Autores

Ana Paula Ribeiro Mijolaro Lagemann, Laryssa Almeida Brito Ribeiro, Cleide Aparecida Alves Souza, Marli Marques, Liliane Ferreira Silva