Dados do Trabalho

Título

QUADRO DE POLIARTRALGIA POTENCIALMENTE ASSOCIADA À INFECÇÃO PELO HTLV-1: RELATO DE CASO

Objetivos(s)

Descrever o caso de um paciente infectado pelo HTLV-1 com quadro clínico sugestivo de manifestações reumatológicas associadas à infecção.

Relato do Caso

Sexo feminino, 55 anos, casada, com quadro de dores articulares há cerca de dez anos, nos punhos, nos dedos, nos ombros, nos tornozelos e na região lombar com irradiação para o membro inferior direito, que intensificam no fim do dia e agravam em climas frios e após esforço físico, com Escala Visual Numérica (EVN) igual a “7”. Apresenta dificuldade motora para se levantar, na marcha e rigidez matinal superior a 30 minutos, com evolução progressiva. Faz uso de ciclobenzaprina e gabapentina e aplica compressa de água morna para alívio da dor. Realizou eletroneuromiografia de membros inferiores em 28/02/2021 tendo resultado sugestivo de mielopatia de L2 a S1, de provável patogenia inflamatória em fase crônica. Relata histórico de infecção de repetição no trato urinário e urgência urinária. No exame físico, relatou dor: (i) à palpação nas articulações das mãos, sem presença de sinovite com squeeze test positivo; (ii) à palpação na região lombar paravertebral, com acentuação da lordose lombar que piora na hiperextensão; (iii) à palpação nas articulações metatarsofalângicas; (iv) à mobilização do ombro, amplitude de movimento preservada. Presença de edema nos membros inferiores (MMII+/4+) com squeeze test positivo bilateral. Em maio de 2021, a paciente teve diagnóstico confirmado para infecção pelo HTLV-1. a literatura mostra associação entre pacientes portadores do HTLV-1 com a manifestação de quadros de artrite reumatoide decorrente da infecção prévia pelo vírus, como mostra a pesquisa de Cruz et al. (2005). Embora o quadro clínico da paciente é de poliartralgia, será necessária a investigação da artrite reumatoide por meio de exames laboratoriais, como a dosagem de prova inflamatória e de autoanticorpos, para descartar ou confirmar diagnóstico. Tal avaliação verificará se o paciente já está ou não em condição de autoimunidade devido à infecção viral.

Conclusão

O caso relatado demonstra a importância de estudos que analisem a correlação de patologias reumatógicas associadas ao HTLV-1 e mesmo que o quadro associado não seja confirmado, é necessário o acompanhamento médico desses pacientes como forma de prevenção e de possível diagnóstico precoce de comorbidades relacionadas às doenças autoimunes inflamatórias, secundárias à infecção.