57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

HANSENÍASE E COVID-19: UMA CORRELAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

Introdução

Com o surgimento da pandemia de COVID-19, observou-se uma sobrecarga nos serviços de saúde, exigindo estratégias para atender as demandas já existentes, o que pode ter prejudicado a notificação de diversas doenças, entre elas a hanseníase. Doença infectocontagiosa, com manifestações dermatoneurológicas, que possui como agente etiológico o Mycobaterium leprae.

Objetivo(s)

Correlacionar o impacto da pandemia de COVID-19 na notificação de hanseníase no Estado do Pará (PA).

Material e Métodos

Estudo observacional, transversal, analítico-descritivo e quantitativo, que correlacionou os números de casos de hanseníase no Estado, do período de 2019 a 2021, obtidos via DATASUS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), com dados dos números de casos de COVID-19 confirmados por mês no Pará, de março de 2020 a dezembro de 2021, coletados via Painel COVID-19 - a plataforma virtual da Secretaria de Saúde do Estado do Pará.

Resultados e Conclusão

No ano de 2019 foram registrados 3.565 casos de hanseníase no Pará, enquanto em 2020 e 2021 percebeu-se um decréscimo nos números, para 2.310 e 2.127, respectivamente, com maiores notificações ocorrendo no mês de outubro de 2019, com 379 casos. Quanto aos casos de COVID-19, as notificações no Estado iniciaram em março de 2020, com destaque para maio de 2020, apresentando a maior somatória de casos registrados, durante o período estudado, com 74.526 casos. Simultaneamente, em maio de 2020, foram notificados 105 casos de hanseníase, correspondendo a 33,43% do relacionado a maio de 2019. Já em 2021 o mês de março foi o segundo mês com o maior número total de casos de COVID-19 e concomitante foram notificados 232 casos de hanseníase, 10% do total. Em dezembro de 2021, os índices de COVID-19 alcançaram a maior incidência no segundo semestre, enquanto de hanseníase foi menor, 53 casos. Essa redução nos casos de hanseníase, sobretudo, nos meses de maior incidência da COVID-19, pode ser explicada pelas subnotificações devido às medidas de isolamento e o excesso de demanda nos serviços de saúde que dificultaram o acesso dos pacientes.
Conclusão: o número de notificações de hanseníase durante o período pandêmico mostrou-se inferior aos obtidos previamente e os meses de maior incidência da COVID-19 são acompanhados de reduzidas notificações de hanseníase. Sendo, essa redução, provavelmente relacionada as medidas preventivas e subnotificação devido à pandemia.

Palavras-chave

Hanseníase; COVID-19; Diagnóstico; SARS-CoV-2; Mycobacterium leprae; Epidemiologia.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Mariana Dos Santos Guimarães, Rafael Pinto Gonçalves, Fernanda Oliveira De Oliveira , Mayara De Andrade Moratto, Filipe De Moura Sousa, Nicolle De Araújo Soares, Carla Andréa Avelar Pires