Dados do Trabalho

Título

Adaptação da armadilha BR-OVT para a coleta de saliva de mosquitos e potencial uso na vigilância de arbovírus

Introdução

As arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos à população humana por artrópodes, incluindo os mosquitos. Nos últimos anos, o Brasil reportou uma co-circulação de quatro arbovírus: Dengue (DENV), Febre Amarela (YFV), Zika (ZIKV), e Chikungunya (CHIKV), que foram responsáveis por cerca de 600 mil casos prováveis de arboviroses em 2021. Outras arboviroses de menor impacto em saúde pública também são encontradas em circulação em diferentes regiões do país, como a febre do Oeste do Nilo, a febre do Mayaro e a febre do Oropouche. A circulação de arbovírus é monitorada através da notificação de casos em humanos, entretanto, este tipo de notificação é comprometida por diversos fatores, como: a semelhança dos sintomas entre arboviroses e a natureza assintomática de algumas infecções. Dessa maneira, a vigilância entomológica constitui-se importante ferramenta, uma vez que a detecção de mosquitos infectados precede a detecção de casos de arboviroses em humanos.

Objetivo(s)

Assim, este trabalho teve como objetivo testar a capacidade da armadilha do tipo BR-OVT acoplada a cartões FTA para a coleta de saliva de mosquitos previamente infectados com CHIKV com o intuito de ser utilizada em plataforma de vigilância de arbovírus.

Material e Métodos

Armadilha BR-OVT consiste numa caixa plástica preta contendo um pote plástico preenchido com água e envolto por uma tira de tecido, em seu interior também foi adicionado o cartão FTA acoplado com esponja embebida em solução de mel e corante azul. Para avaliar o funcionamento da armadilha em condições controladas anteriormente à implementação em campo, foi realizado um experimento de infecção artificial de mosquitos Aedes aegypti (colônia de laboratório - RecLab - competente para CHIKV) alimentados com CHIKV. A armadilha foi colocada em gaiola de contenção onde foram liberados os mosquitos alimentados. Em seguida foi realizada extração de RNA desses indivíduos e do cartão FTA por Trizol (Invitrogen), seguida de RT-PCR em Tempo-Real (RT-qPCR) para detecção e quantificação absoluta de CHIKV.

Resultados e Conclusão

Quinze das 45 fêmeas liberadas apresentaram coloração azul no abdômen e a RT-qPCR demonstrou que todos os indivíduos, assim como o cartão FTA, estavam positivos com valores de Ct entre 13 e 18, e 32,6, respectivamente. Assim, a armadilha acoplada com os cartões FTA foi eficiente na captura e armazenamento de RNA viral presente na saliva de mosquitos, e portanto, possui potencial para utilização em campo para vigilância de arbovírus.

Palavras-chave

Arbovírus, Vigilância, Mosquitos