57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Análise temporal da Hepatite B no Norte do Brasil, no período de 2011 a 2020

Introdução

A Hepatite B é causada pelo vírus pertencente à família Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus e espécie Hepatitis B virus (HBV), o qual possui tropismo pelo tecido hepático e considerável potencial oncogênico. Essa doença se mantém como um grave problema de saúde pública devido a sua alta infectividade e prevalência, sendo atualmente considerada a décima principal causa de óbitos no mundo.

Objetivo(s)

Analisar os padrões temporais dos casos de Hepatite B, com base nos indicadores epidemiológicos da doença, na região Norte, de 2011 a 2020.

Material e Métodos

Estudo ecológico, epidemiológico, documental, descritivo, retrospectivo, quantitativo e transversal e os dados de notificações de Hepatite B e demográficos foram obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para análise temporal foi empregado o modelo de regressão por pontos de inflexão (joinpoint regression model), sendo calculado a Variação Percentual Anual (VPA). O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar as medianas (Md) de incidência entre os estados. Foram analisadas as seguintes variáveis: raça, faixa etária, sexo, grau de escolaridade e unidade federativa.

Resultados e Conclusão

Foram incluídas 18.879 notificações de casos de Hepatite B com início dos sintomas no período de 2011 a 2020. Houve uma maior prevalência de notificações entre pardos (N=13.674; 77,34%) na faixa etária de 20 a 39 anos (N=9.650; 51,12%) do sexo masculino (N=9.693; 51,3%) e com ensino médio completo (N=3.450; 17,26%). Nota-se grande diferença de distribuição da incidência de hepatite B entre os estados (eta2[H] = 0,857; p < 0,05); Acre (µ = 52,08±26,28; Md = 41,31) e Rondônia (µ = 28,61±7,76; Md = 28,99) apresentaram maiores medianas que os estados do Pará (µ = 2,86±3,64; Md = 20,17), Amapá (µ = 3,14±1,62; Md = 2,89) e Tocantins (µ = 5,31±1,92; Md = 5,71). Além disso, Roraima (µ = 18,97±3,64; Md = 20,17) apresentou maior mediana que Pará e Amapá, e Amazonas (µ = 13,42±4,26; Md = 12,69) maior que Tocantins. Não houve diferença significativa entre as demais comparações. Somente os estados de Rondônia (2011-2020 VPA = -7,48), Acre (2011-2020 VPA = -19,29) e Tocantins (2011-2020 VPA = -11,16) apresentaram tendência decrescente da incidência de notificações no período (p < 0,05). Os demais estados apresentaram tendência estacionária (p > 0,05), porém nota-se grande queda entre os anos de 2019 a 2020 nos estados do Pará (-62,1%) e Roraima (-35,2%). Apenas o número de notificações da raça/cor branca apresentou tendência decrescente (2011-2020 VPA = -10,50; p < 0,05), enquanto que pretos, amarelos, indígenas e pardos, estacionárias (p > 0,05). O presente estudo enfatiza a necessidade de pesquisas sobre o risco e fatores de infecção da doença, em especial, nos estados que apresentaram tendência estacionária no período, embasando as políticas públicas de prevenção, diagnóstico e tratamento da hepatite B.

Palavras-chave

Hepatite B; Análise Temporal; Perfil Epidemiológico

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Autores

Rafael Cunha Almeida, Erick Clayton Gonçalves Feio, Aimi Shinkai, Fernanda Barbosa Gomes Santos, Renan Miranda Correia, Sócrates Sousa Sampaio, Rita Cássia Silva Oliveira