57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

A resistência de Culex quinquefasciatus ao larvicida Lysinibacillus sphaericus está associada à alterações de atividade enzimática e reservas energéticas

Introdução

Larvicidas contendo a toxina Binária (Bin) do Lysinibacillus sphaericus são eficazes para o controle de Culex quinquefasciatus, porém, a resistência à toxina Bin pode ocorrer. Nosso modelo de estudo é uma colônia de C. quinquefasciatus selecionada em laboratório, com alta resistência para a toxina Bin. A resistência é devido a uma mutação no gene do receptor da toxina, a α-glicosidase Cqm1, que impede a sua expressão no intestino das larvas. Apesar da ausência de expressão desta enzima, a colônia vem sendo mantida com sucesso por mais de 250 gerações. Um estudo recente mostrou que as larvas apresentam um perfil transcriptômico diferencial do intestino, comparadas com as suscetíveis, com destaque para a repressão de genes que codificam lipases, glicosidases e proteases.

Objetivo(s)

O objetivo deste estudo foi validar funcionalmente este padrão através da comparação da atividade de enzimas selecionadas e de reservas energéticas das larvas resistentes e suscetíveis

Material e Métodos

Para tal, foram realizados ensaios de atividade catalítica em extratos de intestinos de larvas (~30) e de quantificação de lipídeos e açúcares redutores em pools de larvas (n= 30) e adultos (n= 30) destas colônias.

Resultados e Conclusão

A atividade de lipase em extratos de larvas resistentes foi significativamente menor para quatro substratos testados (acetato, butirato, heptanoato e oleato), e maior para o palmitato. A atividade de α-glicosidase utilizando a sacarase mostrou uma atividade reduzida em indivíduos resistentes, mas a atividade foi similar para o substrato sintético (MuαGlu). A atividade de proteases foi similar para as duas colônias, a partir dos três substratos testados (Z-Phe-Arg, Ala-Ala-Phe, L-Leu). Indivíduos resistentes mostraram um padrão de reservas energéticas distinto em relação à suscetível. Foi observada uma redução significativa de lipideos (151,8 mg versus 83,6 mg), enquanto que a quantificação de açúcares redutores foi maior (0,24 mg versus 0,16 mg). Assim os resultados demonstram que as larvas resistentes possuem um perfil de atividade catalítica alterado destas enzimas associado à alterações das reservas energéticas. Estes dados corroboram com o perfil transcriptômico diferencial e demonstram que esta colônia tem caraterísticas alteradas, as quais foram co-selecionadas com o fenótipo de resistência, e são relevantes para a capacidade adaptativa.

Palavras-chave

toxina Binária, lipases, proteases, glicosidases, RNAseq, fitness

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Heverly Suzany Gouveia Menezes, Samara Graciane da Costa Latgé, Fernando Ariel Genta, Tatiany Patrícia Romão Pompilio de Melo, Tatiana Maria Teodoro Rezende, Maria Helena Neves Lobo Silva Filha