Dados do Trabalho

Título

Tuberculose no sistema prisional: análise do desfecho desfavorável do tratamento segundo os Determinantes Sociais da Saúde em dois estados brasileiros

Introdução

A tuberculose representa um problema de saúde pública no sistema prisional, fruto da vulnerabilização decorrente das iniquidades e desigualdades sociais e de saúde.

Objetivo(s)

Analisar o desfecho desfavorável do tratamento da tuberculose entre a população privada de liberdade segundo os determinantes sociais de saúde em dois estados brasileiros.

Material e Métodos

Coorte retrospectiva, realizada em dois estados brasileiros - Rondônia e São Paulo, com pessoas privadas de liberdade com tuberculose, notificadas entre 2008 e 2017. Os dados foram coletados do SINAN (para Rondônia) e do TB-WEB (para São Paulo) e analisados por meio de distribuição de frequência e análise univariável pelo risco relativo (RR) e intervalos de confiança (IC95%), o qual testou a associação entre a variável dependente (desfecho desfavorável x favorável) e as variáveis de exposição. Ressalta-se que, em desfecho desfavorável foram incluídos todos os casos de óbito e de abandono do tratamento da TB. Os casos cujos encerramentos foram registrados como cura constituíram o grupo de desfecho favorável. As variáveis de exposição envolveram as características sociodemográficas (sexo, raça/cor, faixa etária e escolaridade), que se referem aos determinantes estruturais das desigualdades de saúde; e as condições de vida, comportamentos da população e serviços de saúde, que compreendem os determinantes intermediários da saúde. Dentre estas variáveis, destacam-se as comorbidades (aids, diabetes, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas e transtorno mental) e o tipo de tratamento indicado (diretamente observado ou autoadministrado).

Resultados e Conclusão

Foram registrados 158 desfechos desfavoráveis em Rondônia e 2.227 em São Paulo. Para Rondônia, tal desfecho esteve associado ao sexo masculino (RR 3,09; IC95% 1,03-9,27) e aids (RR 2,46; IC95% 1,63-3,71). Em São Paulo, idade superior a 30 anos (RR 1,36; IC95% 1,26-1,47), aids (RR 3,08; IC95% 2,81-3,38), alcoolismo (RR 1,54; IC95% 1,35-1,76), diabetes (RR 1,70; IC95% 1,27-2,28) e tratamento autoadministrado (RR 2,55; IC95% 2,27-2,86) constituíram fatores de risco para o desfecho desfavorável. O estudo contribui com elementos para a qualificação da atenção às pessoas com tuberculose nas unidades de saúde prisionais e para o planejamento de ações que interfiram nas desigualdades e iniquidades de saúde, tais como a estratificação de risco, a gestão do cuidado para as comorbidades e a operacionalização do Tratamento Diretamente Observado.

Palavras-chave

Tuberculose. Prisões. Determinantes Sociais da Saúde.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e outras micobactérias