Dados do Trabalho

Título

Prevalência da infecção pelos HTLV-1 e HTLV-2 em remanescentes de quilombos do Nordeste do Estado do Pará

Introdução

Os vírus T-linfotrópico humano 1 e 2 (HTLV-1 e HTLV-2) pertencem à família Retroviridade, dos quais o HTLV-1 está associado à doenças linfoproliferativas (Leucemia/Linfoma de células T do adulto - LLcTA) e inflamatórias (Mielopatia Associada ao HTLV-1, dermatite e uveíte). Ambos os vírus estão amplamente distribuídos pelo mundo, sendo o Brasil um dos países com maior endemicidade para a infecção. Ainda assim, há carência de estudos acerca da real situação epidemiológica da infecção, principalmente em populações vulneráveis, como as quilombolas, as quais existem em grande número no estado do Pará.

Objetivo(s)

Descrever a prevalência dos HTLV-1/2 em cinco comunidades de remanescentes de quilombos da região nordeste do Estado do Pará.

Material e Métodos

O estudo envolveu 139 participantes, divididos nas seguintes comunidades: Baiaquara (13), Itancoã-Miri (31) e Jacarequara (34), no município do Acará; Icatú (26) e Tambaiaçú (35), localizados no município de Mocajuba. De todos os indivíduos foram coletadas 4 mL de sangue venoso para as análises laboratoriais. O ensaio imunoenzimático do tipo ELISA (Murex HTLV-I+II, DiaSorin, Dartford, UK) foi usado como triagem sorológica para detecção de anticorpos anti-HTLV-1/2. A confirmação da infecção e diferenciação do tipo viral, foi realizada pela técnica de Western Blot (HTLV BLOT 2.4 DiaSorin). O estudo foi aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP (CAAE: 27290619.2.0000.0018; parecer Nº 4.351.470).

Resultados e Conclusão

De todos os indivíduos investigados, 76,3% (106) eram do sexo feminino e 23,7% (32) do sexo masculino. Destes, apenas um indivíduo, residente da comunidade de Icatú, foi soropositivo para o HTLV-1 (3,85%). Era uma mulher, de 54 anos, negra, com ensino fundamental incompleto, solteira, sem presença de tatuagem, piercing, e informou nunca ter recebido transfusão sanguínea. Afirmou ainda ter apenas um parceiro sexual por semana e não usar preservativos durante as relações sexuais. A identificação da prevalência moderada do HTLV-1 na comunidade de Icatú evidencia que o vírus pode ser endêmico nesta comunidade quilombola, e que considerando, sua associação com doenças graves em humanos, bem coma a origem africana do vírus com sua entrada no Brasil a partir das rotas do tráfico negreiro, faz-se necessário maiores investigações epidemiológicas acerca da infecção por este vírus negligenciado nas diversas populações quilombolas do Estado do Pará.

Palavras-chave

comunidades remanescentes de quilombos; HTLV-1; HTLV-2; prevalência.