57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

EPIDEMIOLOGIA, GEOEPIDEMIOLOGIA & ETNOEPIDEMIOLOGIA DA COVID-19 EM POPULAÇÕES INDÍGENAS NO BRASIL

Introdução

As populações indígenas do Brasil são reconhecidamente vulneráveis à infecções respiratórias. A pandemia da COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, e primariamente uma infecção respiratória, alterou os padrões de morbi-mortalidade da população mundial, evidenciando ainda mais tais vulnerabilidades.

Objetivo(s)

O objetivo deste estudo foi conhecer a situação epidemiológica da COVID-19 em populações indígenas no Brasil, sob uma perspectiva do território e das particularidades etnoculturais dessas populações.

Material e Métodos

Estudo ecológico, observacional, de DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígenas) do Brasil, utilizando abordagens de epidemiologia descritiva clássica, geoepidemiologia e etnoepidemiologia. Foram incluídos os casos e óbitos por COVID-19 confirmados e registrados em indígenas atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, desde o primeiro caso ocorrido no Brasil (01/04/2020, 14ª semana epidemiológica) até 20/03/2021 (11ª semana epidemiológica de 2021), extraídos dos boletins epidemiológicos publicados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI.

Resultados e Conclusão

A Incidência, mortalidade e letalidade gerais da COVID-19 em indígenas foi inferior às da população geral brasileira, porém na análise de dados de forma desagregada, observa-se um quadro de múltiplas epidemias, com alguns DSEIs apresentando valores de incidência até 4,5 vezes maior do que o da população geral do país. Da mesma forma, disparidades em mortalidade e letalidade também foram encontradas. Os dados espaciais indicaram a presença de áreas quentes para incidência especialmente no estado do Pará e norte do Magro Grosso e para mortalidade, em todo o Mato Grosso. Para mortalidade, dois agrupamentos, somando uma população de 50.323 indígenas apresentaram maior risco. Os resultados demonstram "vulnerabilidades" dentro da "vulnerabilidade", e a pandemia como múltiplas epidemias, em tempos e espaços distintos, com ampla desigualdade entre diferentes grupos populacionais indigenas. Características do território, dificuldades logísticas, infraestrutura de atendimento à saúde das populações indígenas, assim como características culturais entre diferentes etnias tais como variadas densidades populacionais, distância entre domicílios, hábitos de eventos coletivos, inter-relações com não índios e periurbanização podem explicar etnoepidemiologicamente os padrões encontrados.

Palavras-chave

COVID-19; Epidemiologia; Etnoepidemiologia; Geopidemiologia; Indígenas.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Thomaz Xavier Carneiro, Maria Conceição Nascimento Pinheiro