Dados do Trabalho

Título

PARACOCCIDIOIDOMICOSE DISSEMINADA COM ACOMETIMENTO OCULAR - RELATO DE CASO

Objetivos(s)

A Paracoccidioidomicose é uma Infecção fúngica, prevalente em indivíduos masculinos de meia idade com atividade voltada na agricultura. Alojados em tecido pulmonar esses esporos são fagocitados por macrófagos e pela tosse e expectoração as lesões atingem a cavidade bucal em sinal de disseminação. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de paracoccidioidomicose crônica com evolução de 2 anos com acometimento oftalmológico, pálpebra e córnea, que ocasionou perda visual, além quadro sistêmico com acometimento pulmonar e ganglionar.

Relato do Caso

Paciente sexo masculino, 42 anos, trabalhador rural de Carolina, interior do Maranhão, tabagista e etilista de longa data, evolui há dois anos com quadro progressivo de lesão ulcerada em pálpebra direita associado a dor ocular e turvação visual, queda no estado geral e emagrecimento. Devido a suspeita de neoplasia foi realizado biópsia de pálpebra com anatomopatológico com processo inflamatório crônico granulomatoso envolvendo esporos fúngicos redondos, encapsulados, relativamente grandes, com gemulações em suas voltas, tipo “roda de leme” compatíveis com o diagnóstico de Paracoccidioidomicose. No ambulatório de infectologia paciente referia dor ocular importante, além de astenia e fraqueza, febre baixa intermitente, negando outros sinais e sintomas. No exame físico estava emagrecido (48 kg) e hipocorado. Olho direito sem a pálpebra, e com opacidade de conjuntiva. Múltiplos linfonodos cervicais bilaterais, com fistulização espontânea. Eupneico em ar ambiente, ausculta pulmonar com crepitações bibasais, sem alterações no aparelho cardiovascular. Foi realizado avaliação conjunta com oftalmologia, realizado nova coleta de raspado de córnea, que confirmou o diagnóstico de Paracoccidioidomicose de acometimento ocular. Foi solicitado exames, radiografia de tórax com infiltrado em "asa de borboleta", e tomografia de órbitas com imagem nodular no cone orbitário direito sem plano de clivagem com o músculo reto medial e o nervo óptico de 1,6 cm³ de volume. Iniciado Itraconazol 200mg/dia com boa evolução clínica. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial com melhora do estado geral, ganho de 2kg de peso após 30 dias de medicação, e melhora dos outros sinais e sintomas.

Conclusão

O envolvimento ocular na paracoccidioidomicose é incomum, porem devido a endemicidade da doença no país deve fazer parte do diagnostico diferencial das lesões ulceradas da pálpebra e com consequências importantes como a perda de visão e acometimento sistêmico.