Dados do Trabalho

Título

Investigação do reconhecimento de triatomíneos em locais de processamento de açaí no município de Santana, Amapá, Brasil

Introdução

No estado do Amapá a população associa doença de Chagas ao consumo de açaí devido a relatos de surtos agudos, geralmente advindos da ingestão de alimentos contaminados, característica atribuída a transmissão oral. Ainda assim, pessoas que processam o açaí podem não saber identificar e diferenciar os vetores da doença dos demais insetos.

Objetivo(s)

O objetivo foi investigar o reconhecimento dos triatomíneos em locais de processamento de açaí por meio de questionário, levando os insetos em placas educativas para demonstrar suas características para a população.

Material e Métodos

Para o estudo foram selecionados 30 locais de processamento de açaí, no município de Santana, Amapá, Brasil. Para os participantes foram realizados as perguntas: Já ouviu falar no inseto chamado barbeiro e onde teve esse conhecimento? O que você sabe sobre o barbeiro? Ao mostrar imagens dos gêneros de importância médica do cartaz do Ministério da Saúde, foi questionado: quais destes insetos você já viu? Posteriormente, foi solicitado ao participante indicar de acordo com a placa educativa que lhes apresentava um triatomíneo, um fitófago e um predador qual desses insetos é o barbeiro, quantas vezes e qual o procedimento foi adotado quando o encontrou.

Resultados e Conclusão

Todos os entrevistados responderam que já escutou falar sobre o inseto chamado barbeiro. Cerca de 43% responderam que obtiveram esse conhecimento pela televisão, os demais citaram outras formas como conhecido na comunidade, escola, curso no Sebrae e IEPA. Um total de 93,3% respondeu que o barbeiro causa doença de Chagas, associada ao consumo de açaí. Para a diferenciação de fitófago, predador e hematófago, 63,3% conseguiram identificar o hematófago como triatomíneo, 30% disseram que já encontrou o barbeiro inúmeras vezes e descartou o inseto. Após as perguntas foi realizado um momento de educação em saúde, incluindo a forma adequada de coleta do inseto, as medidas de biossegurança, um recipiente acompanhado do número de telefone para contato em caso de encontros esporádicos. O retorno da população com os insetos coletados no momento do processamento do açaí foi baixo, visto que as pessoas associam a atividade de pesquisa a intervenções da vigilância sanitária e dessa forma quando encontram o inseto, as mesmas descartam juntamente com o lixo do processamento. Desta forma, ressaltamos que novas investigações precisam ser realizadas com este público, para entender a dinâmica de transmissão da doença na região.

Palavras-chave

Triatominae; controle de vetores; doença de Chagas; Amazônia