57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Dados do Trabalho


Título

Coinfecção por Leishmania infantum e Ehrlichia canis: patógenos de carrapato aumentam o risco e a severidade da leishmaniose visceral em cães de áreas endêmicas.

Introdução

A infecção por Leishmania infantum, agente etiológico da leishmaniose visceral (LV) no Brasil, tem elevada prevalência e ampla distribuição geográfica no país. Em cães, principais reservatórios urbanos de L. infantum, a LV se manifesta marcantemente em animais subnutridos, parasitados e portadores de comorbidades infecciosas, como as rickettsioses.

Objetivo(s)

O objetivo deste trabalho foi avaliar se a manifestação de LV canina estaria associada às infecções causadas por patógenos transmitidos por carrapato.

Material e Métodos

Foram utilizados 98 cães provenientes de uma localidade da periferia de Natal-RN, sororreagentes para infecção por L. infantum no teste rápido imunocromatográfico TRDPP® e ensaio imunoenzimático EIE (ambos BioManguinhos), com variados estágios de manifestação clínica da LV e eutanasiados no Centro de Controle de Zoonoses. O SNAP* 4Dx* Plus Teste (IDEXX) foi utilizado para avaliar a presença de infecção por Ehrlichia spp e Anaplasma spp e o qPCR de sangue periférico para detecção de KDNA Leishmania e DNA de E. canis (cut off Ct<30). Avaliação física dos cães levou a construção de um escore clínico, sendo complementados por hemograma, provas bioquímicas de função renal e hepática, proteinograma e determinação das subclasses de IgG. Testes estatísticos de Pearson e Spearman avaliaram correlação entre as cargas de L. infantum e E. canis no sangue periférico e a influência desses patógenos no escore clínico da LVC.

Resultados e Conclusão

A taxa de coinfecção L. infantum e E. spp. por sorologia foi de 81,3% (83/98) e de 37,7% (37/98) na coinfecção L. infantum, E. spp. e Anaplasma spp. O qPCR de sangue periférico detectou kDNA em 60,2% das amostras avaliadas (47/78), enquanto a detecção de DNA de E. canis foi 21,3% (17/80). O escore clínico dos cães variou de 0 a 16, sendo 34,7% (34/98) assintomáticos, 37,7% (37/98) oligossintomáticos e 27,7% (27/98) polissintomáticos. Foi observada correlação positiva entre parasitemia por L. infantum e E. canis (r=0.44, p=0.0001). Não houve correlação entre o Ct de kDNA e o escore clínico para LVC (r=-0.17, p=0.14), sendo a gravidade clínica associada, todavia, a carga de E. canis (r=-0.47, p<0.0001).Comorbidades infecciosas parecem desempenhar papel preponderante na ocorrência da LV em cães. A LV canina é um desafio para gestores e tutores e dependerá, em parte, de mudanças efetivas nas políticas de redução da incidência de doenças de transmissão vetorial e melhoria nas condições individuais de criação dos animais.

Palavras-chave

Leishmaniose canina; Ehrlichia; Coinfecção

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

José Flávio Vidal Coutinho, Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento, Leonardo Capistrano Ferreira, Glória Regina Góis Monteiro, Diogo Gárcia Valadares, Adila Lorena Morais de Lima, Iraci Duarte de Lima, Marcos Adriano Gomes Rodrigues, Carolina de Oliveira Mendes Aguiar, Romeika Karla dos Reis Lima, Selma Maria Bezerra Jerônimo